Na escola aprendemos que o Romantismo no Brasil é divido em três fases: A primeira fase é a nacionalista, a segunda é a da Geração do Mal do século (byroniana) e a terceira é a do condoreirismo. Tudo parece muito simples quando aparece dividido nos livros didáticos e nós temos a visão de que há escritores que escrevem exclusivamente de uma forma.
Sendo assim Castro Alves, maior expoente da poesia libertária, só escreveria poemas que mostrassem a sua revolta contra o regime escravocrata. Grande engano fazemos se deixamos de lado a complexidade de sua obra.
Obviamente ele se torna ainda mais popular por ser o "Poeta dos Escravos", título que ganhou ao escrever poemas de forte caráter social, imbuídos do sentimentalismo latente no jovem estudante de Direito que via um mundo de glórias em sua frente.
E fazemos bem em louvá-lo por sua obra libertária, que trouxe às terras brasileiras a essência do condoreirismo pregado por Victor Hugo.
Poemas como "Navio Negreiro" e "Vozes d'África", tornaram-se clássicos, provando que Castro Alves tinha mesmo o espírito abolicionista. Diferente de outros românticos, não fechou os olhos para uma das mais crueis mazelas que assolavam a sociedade brasileira, cantava as belezas, mas não esquecia do navio negreiro que, ostentava a bandeira brasileira por entre os mares, envergonhando a pátria amada e deixando o coração de homens lá na África, enquanto seus corpos eram transportados em condições miseráveis. Ele também cantava as dores da senzala, da escrava que sofre por medo de ser separada do filho no meio da noite, das cruzes na estrada que indicavam a morte de bravos guerreiros negros...e o choro da Mãe África ao ver tamanha crueldade com seus filhos.
Castro Alves era também um homem apaixonado. Nos vinte quatro anos em que andou por este mundo, ele amou muitas mulheres. Mulheres mais jovens, mais velhas, judias, cristãs, de olhos negros, olhos azuis, angelicais, sensuais...muitas mereceram poemas seus. Tadavia, nenhuma foi tão amada e lhe trouxe tanto sofrimento quanto a atriz portuguesa Eugênia Câmara.
Entre alguns poemas tipicamente românticos, Castro Alves canta a saudade do amor que se foi, do amor inacessível...em outros poemas, ele diferencia-se pela sensualidade com que trata a figura feminina, tornando-a acessível aos prazeres carnais que o amor proporcionam.
No poema "Mocidade e Morte", Castro Alves deixa transparecer uma melancolia pela morte próxima, enquanto o poeta ainda vislumbrava uma vida de glórias na carreira e no amor. Ele ainda destinou poemas ao sertão, a poetas e figuras históricas admiráveis...em suma, Castro Alves não se limitou a uma classificação cronológica, ele foi versátil, começou um processo de transição do Romantismo exageradamente sentimentalista para uma poesia mais consciente não apenas do lado social, mas do papel da mulher na sociedade.
É difícil definir Castro Alves...para mim ele foi um grande poeta e grande homem, que deixou um legado essencial para a Literatura Brasileira e mundial.
Você fala a verdade quando diz que é difícil definir Castro Alves, um jovem apaixonado ardentemente pelos seus ideais de liberdade, um percursor da vida plena sem discriminações, que amou, que batalhou e que, tão cedo deixou a vida, mas isso era a moda no tempo, os poetas tinham de morrer jovens para assim serem lembrados...
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