quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O poder persuasivo e sedutor de Rebecca e Raquel

Teriam algumas mulheres a capacidade de, mesmo sem intenção, atrair a tragédia para si e 
para os que a rodeiam? Em dois romances muito populares da escritora inglesa Daphne Du Maurier, “Rebecca” e “Minha prima Raquel”, temos direta ou indiretamente este conceito. A mulher vista como perdição para os homens que dela se aproximam, que destrói tudo o que toca; um papel cruel relegado a ela por diferentes sociedades em diversos períodos da história.  Em tempos distantes muitas foram levadas a fogueira ou condenadas a sofrer humilhações públicas por praticarem atos que contrariavam o pensamento geral da sociedade. 
Ser mulher é carregar desde cedo muitas expectativas. Rebecca e Raquel tinham seu papel definido na sociedade: esposas dedicadas que carregavam em si encantos especiais, capazes de conquistar pessoas através da presença cativante.  Mas ao demonstrarem a face oculta que a sociedade condena, as duas receberam o mesmo julgamento, restando-lhes a morte como ponto final para uma vida misteriosa e cheia de peripécias.
A Imagem da mulher como ser dissimulado, capaz de usar seus atributos para conseguir o que quer, levou muitas à fogueira no período de caça às bruxas, além de formar um conceito desde cedo enraizado no qual o ser humano do sexo feminino tem em si uma perversão natural e o poder de persuasão que pode levar homens a compartilharem esta perdição.
Daphne Du Maurier apresenta, através destes dois romances, duas personagens emblemáticas e deixa claro que, assim como aconteceu com Capitu, Emma Bovary e Anna Karênina, a sociedade não perdoaria o comportamento de Rebecca e Raquel, pois elas também pisaram em terreno pedregoso e tiveram que pagar um preço por isso.