domingo, 25 de julho de 2010

25 de Julho - Dia Nacional do Escritor


Hoje o Brasil comemora o Dia do Escritor...o que eu poderia dizer sobre estes homens e mulheres que fazem a minha vida e a de tantas outras pessoas melhor? Poderia usar significados do dicionário para designar a arte de escrever...poderia usar teorias literárias sobre o modo de produção, o processo de criação de uma obra...não! Vou fazer um post intimista.
Nos momentos mais importantes da minha vida, sejam felizes ou tristes, eu estive acompanhada de um livro.
O que seria de mim naquele dia triste em que chorei no meu quarto o dia todo, se Machado de Assis não tivesse escrito "Dom Casmurro"? Eu passaria noites difíceis, tenho toda a certeza...ao ficar refletindo horas e horas na minha cama sobre a magia do livro que li, eu esqueci daqueles problemas, portanto, embora a Literatura não tenha o dever de ajudar nem de servir como ombro amigo, naqueles tempos em que precisei, eu tive Machado de Assis comigo.
E o que seria de mim naquele segundo ano da faculdade, no qual eu estava confusa, se eu não tivesse comigo "O Morro dos Ventos Uivantes" para fazer com que eu me apaixonasse novamente pelo mundo da ficção literária? Emily Brontë fez cair por terra alguns preconceitos que eu tinha e me fez apaixonar-se por um certo personagem que provoca sentimentos paradoxais em muitos leitores...nem precisa dizer quem é não é mesmo?
E o que dizer do dia em que terminei de ler "Olhai os lírios do campo"? Quando Érico Verissimo faz com que Eugênio e sua filhinha passeiem sob o dia alegre em Porto Alegre, eu imaginava que a vida poderia ser melhor...que sempre haverão tardes ensolaradas para se andar pela cidade e se aproveitar da beleza que existe nas coisas simples da vida. E muito mais ele me inspirou...me inspirou a ver a vida cotidiana com maior poeticidade, a ver também que há muito sofrimento nesta vida, mas que devemos continuar procurando nosso lugar ao sol...
E quando nós nos identificamos com um personagem? Enquanto lia "Rebecca" de Daphne du Maurier eu me identificava com aquela mulher sem nome, que sofria por ser sempre a segunda, mesmo sendo a atual.
E muitos outros me inspiraram, com muitos outros eu me identifiquei. Não estou afirmando que a Literatura tem alguma função, como a de instruir ou servir como manual de sobrevivência...não! De forma alguma!
Mas a Literatura provoca em nós a catarse, que faz com que o leitor conheça o ser humano por outros olhos e se identifique ou não com aquilo que lhe é descrito. Os bons escritores não nos entregam obras fechadas, pelo contrário! Eles nos entregam obras que proporcionam o envolvimento do leitor e mil leituras diferentes...nós, que somos os leitores, temos a honra de participar da construção dos significados que uma obra apresenta. Desta forma, continuamos lendo até hoje obras escritas há séculos, milênios, décadas...ou dias e meses. Desta forma, o homem nutre seu desejo por aventura, por amor, por poesia, toda a diversidade de sentimentos e sentidos (bons ou ruins) que permeiam a Literatura.
O que podemos dizer para estes homens e mulheres que nos proporcionam tudo isso através de suas obras?
Não há palavras para descrever...só podemos agradecer e desejar que a inspiração nunca falte, assim como o desejo de tornar este mundo mais interessante.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Personagens que marcam - parte II

Segundo André Maurois, a notícia da morte de Charles Dickens no ano de 1870, foi recebida em todas as partes do mundo, como se fosse a comunicação do falecimento de um parente ou velho conhecido muito estimado. Um garoto, ao saber do fato, perguntou: "Dickens morreu? Então Papai Noel vai morrer também?" O garoto se referia ao "Conto de Natal" no qual Dickens criou o personagem Scrooge, um dos mais populares personagens da Literatura Inglesa e talvez, o mais avarento que já surgiu naquelas terras... Charles Dickens criou muitos personagens célebres, os infantis, por exemplo, sempre inspirados nas experiências pessoais do autor. Pickwick, David Copperfield, Oliver Twist, Pirrip (ou Pip, como era chamado)...são alguns dos sofridos personagens que, órfãos na sua maioria, sofriam nos orfanatos sombrios, eram rejeitados nas casas de parentes, ou tinham que trabalhar e aprender a "se virar" sozinhos desde muito cedo, na Inglaterra industrial e capitalista. Talvez o mais popular personagem de Dickens seja mesmo o avanrento velho Scrooge. Muitos assistem as aventuras de Tio Patinhas e seus sobinhos e não sabem que aquele personagem foi inspirado no velho Scrooge. As adaptações da história clássica de Charles Dickens são incontáveis. Há até mesmo as versões em forma de desenho animado, uma delas tendo o Tio Patinhas como protagonista.
Mas Dickens não é o único inglês a criar personagens célebres. As irmãs Brontë, embora tenham vivido pouco, criaram em seus poucos romances figuras lendárias e enigmáticas, como o casal Heathcliff e Catherine de "O Morro dos Ventos Uivantes". O casal protagonista do romance único de Emily Brontë, é talvez, um dos mais originais da Literatura Mundial, seus sentimentos eram intensos e o binômio amor/ódio era constante nas desventuras amorosas dos dois.
A mais velha da família Brontë, Charlotte, criou Jane Eyre, o estereótipo da mulher inglesa que precisava trabalhar e não era parte de uma sociedade aristocrata. assim como nas histórias de Dickens, Jane sofre no abandono de um orfanato e depois sofre mais ainda oa deparar-se com a vida solitária.
A caçula das Brontë, Anne, embora seja menos popular que as irmãs, criou uma personagem muito interessante no romance "A moradora de Wildfell Hall". Sendo o romance um dos primeiros libelos feministas da literatura, a protagonista Helen não aceita viver a vida inteira ao lado de um homem perverso e o abandona, fugindo com o filho e tentando a vida num lugar distante.
Outra mulher criou personagens muito interessantes na Literatura inglesa. Jane Austen criticava a sociedade de uma forma muito peculiar através de personagens masculinos como Sir Walter Elliot (de "Persuasão"), e personagens femininos como a Senhora Bennet (de "Orgulho e Preconceito").
Mas Jane sabia criar personagens sedutores também. O que dizer de Mr. Darcy? O encantador Gentleman, mesmo despertando ojeriza nas mocinhas de "Orgulho e Preconceito" no início, acaba consquistando a família Bennet e mais ainda, as leitoras.
Na Literatura francesa os exemplos de personagens célebres são incontáveis...mas, vamos começar pelo escritor que tinha como especialidade criar personagens em grande número: O escritor fábrica Balzac. Entre seus dois mil personagens (em torno) muitos tornaram-se marcantes, alguns não tanto pela qualidade da obra. Um exemplo disso é a "Mulher de trinta anos" que cunhou o termo "Balzaquiana". Até mesmo o escritor considerava este o seu romance mais fraco, embora tenha se popularizado justamente pela expressão. Mas, um livro ruim não mancha a carreira sublime de Balzac, exemplo disso é o romance "Eugenia Grandet" no qual ele cria um personagem que poderia bem competir com Scrooge de Dickens em termos de avareza...o Pai Grandet é tão avarento quando Scrooge, mas é menos caricato e por isso, menos exagerado, se assim se pode dizer, do que o personagem inglês.
A família Dumas também garantiu granes personagens à Literatura mundial. Dumas Filho usou também suas experiências para criar Marguarite, a bela e melancólica cortesã de "A Dama das Camélias". As prostitutas de luxo se tronaram então, figuras carimbadas na cultura mundial. O brasileiro José de Alencar escreveu "Lucíola" no qual a protagonista Lúcia/Maria da Glória é, assim como Marguerite, uma cortesão que não consegue se entregar ao amor puro.
Já Dumas Pai criou inúmeros personagens ligados a coragem e ao espírito de justiça que povoava a França naquele período. Grande exemplo são "Os Três Mosqueteiros" (que na verdade eram quatro - Athos, Porthos, Aramis e o mais popular D'Artagnan) , os irmãos trocados de "O Homem da Máscara de Ferro", os gêmeos unidos pelo flanco de "Os Irmãos Corsos", e Edmundo Dantès de "O Conde de Monte Cristo". Este último personagem criou o estereótipo do homem justo que, ao ser humilhado e traído, volta para se vingar dos que o oprimiram. Se fosse para falar das adaptações feitas para as obras de Dumas Pai, não conseguiríamos enumerá-las, tamanha a quantidade de versões que seus romances já ganharam no cinema, teatro e TV.
Estes são mais alguns dos personagens célebres que escolhi para exemplificar quão fértil e criativa é a mente de bons escritores, e também para mostrar a diferença de uma obra clássica que perdura por gerações, de obras de gosto duvidoso que povoam a cultura POP atual (não vou citá-las).
A próxima dissertação sobre os personagens célebres será com personagens da Literatura Brasileira.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Parnasianismo - esboço


O Parnasianismo é a manifestação poética da época do Realismo, embora ideologicamente se distancie da prosa dos realistas e naturalistas. É a estética da "arte pela arte". Seus poetas mantiveram-se distantes das transformações ocorridas no final do século XIX e início do século XX.
A poética parnasiana, numa postura anti-romântica, baseava-se no binômio objetividade temática/culto da forma. A objetividade temática surge como negação ao sentimentalismo romântico, numa tentativa de atingir a impassibilidade e a impessoalidade. Opunha ao subjetivismo decadente o universalismo, daí resulta uma poesia carregada de descrições objetivas e impessoais. É a retomada da Antiguidade Clássica (Parnaso é uma montanha grega consagrada a Apollo e às musas) e seu racionalismo e formas perfeitas. Enquanto o Romantismo voltava-se para o subjetivismo e o sentimentalismo cristão, o Parnasianismo procurava o paganismo dos gregos e romanos. A poesia parnasiana é filosófica, mas artificial.
Algumas das principais características deste culto da forma que inspirava os parnasianos são a forma fixa dos sonetos, a métrica dos versos alexandrinos (12 perfeitas sílabas poéticas) e decassílabos perfeitos, além da rima rica e o esmero na escolha das palavras. Olavo Bilac chegou a escrever um poema no qual o trabalho de composição do poeta parnasiano é descrito como árduo, que provoca suores e suplícios.
Por falar em Olavo Bilac...ele é sem dúvida, o mais popular dos parnasianos brasileros. Denominado o "Príncipe dos Poetas" (ao lado de Raimundo Correia e Alberto de Oliveira ele forma a Tríade dos príncipes parnasianos), Olavo Bilac utilizou as características parnasianas desde o início da sua produção literária e nunca abandonou o estilo que o tornou célebre.
O movimento parnasiano teve seu apogeu entre 1870 e as duas primeiras décadas do século XX. Em 1922, sofreu duras críticas dos modernistas que, contrários a precupação formal dos "Príncipes" escreveram poemas satirizando o "poeta engenheiro" homem de gabinete que via a composição poética como um ofício. Alberto de Oliveira, único pertencente a tríade que ainda vivia nesta época, deve ter ficado muito decepcionado ao ver a forma que tanto apreciava sendo excluída e "proibida" na nova forma livre de escrever que procurava romper com o passado e com as influências europeias.


quarta-feira, 7 de julho de 2010

Personagens que marcam

Alguns personagens de romances ou contos se tornam célebres e vão além do universo literário. Eles são inseridos na cultura pop, criando influências sobre outros, além de garantirem versões cinematrográficas ou televisivas.
É o caso de "A Pequena Sereia" de Hans Christian Andersen. A protagonista deste conto ganhou ares angelicais nas adaptações da Disney, se tornando figura carimbada em festas de aniversário e cadernos de crianças. A versão infantil e maniqueísta da Disney, porém, nada lembra o enredo macabro da história original de Andersen.
Sherlock Holmes foi criado pelo escocês Sir Arthur Conan Doyle e, junto com seu fiel companheiro Doutor Watson, se tornou o mais popular detetive da literatura mundial. Os personagens surgiram pela primeira vez em "Um estudo em vermelho" e depois reapareceram em outros livros do autor. Neste caso, o personegem se tornou maior até que o escritor, já que Conan Doyle é conhecido por ser o criador de Sherlock Holmes. Muitos críticos afirmam que o escocês buscou inspiração no detetive Dupin, criação de Edgar Allan Poe. Seja como for, Sherlock Holmes se tornou uma figura mítica e a rua na qual reside nos romances, desperta interesse de muitos apreciadores da dupla de investigadores. Inúmeras versões sobre os dois surgiram no cinema, algumas não mantiveram muita fidelidade com a obra de Conan Doyle.
Outro personagem mítico é, sem dúvidas, "Drácula" do irlandês Bram Stoker. Neste romance é criada a figura lendária do Vampiro, o semi-morto que se alimenta de sangue e não suporta a luz do dia. Várias adaptações para o cinema e até para a TV, popularizaram os vampiros e inspiraram grupos sociais, como os Góticos, por exemplo. Com o passar do tempo, os vampiros foram ganhando outras características nas mãos de outros escritores...se tornaram sensuais com Anne Rice, até bonzinhos e apaixonados na saga "Crepúsculo" de Stephenie Meyer.
No Brasil, Monteiro Lobato criou no livro "Urupês", o personagem Jeca Tatu, como símbolo do atraso e do abandono no qual vivia a população rural brasileira no final do século XIX e início do século XX. Criava-se então, a figura do caipira, o inocente homem do campo que vive para o trabalho e está sujeito a todo tipo de provações e preconceitos. O cineasta brasileiro Mazzaropi criou inúmeros filmes nos quais o Jeca aparecia. A imagem se distanciou da essencia da obra de Monteiro Lobato, mas o caipira se tornou uma figura carimbada na cultura nacional, inspirando até um estilo de música que hoje é o mais rentável no país.
E o que dizer de Peter Pan? O menino que não queria crescer se tornou o personagem mais popular de J.M. Barrie e é símbolo do saudosismo e do apego à infância. Como alguns já citados, ele também ganhou versões no cinema e nos desenhos animados, tonando-se muito querido pelas crianças.
A arte de criar persongens com vida própria foi cultivada por estes escritores e, alguns, se tornaram escravos da sua criação, como nos casos de Bram Stoker e Sir Arthur Conan Doyle. Todavia, eles sempre serão lembrados como inventores de figuras que marcaram a cultura mundial.

domingo, 4 de julho de 2010

Ah...se todo amor fosse perfeito!


O amor é um tema universal e, por isso, a literatura de todos os países se vale dele em qualquer escola literária.
Algumas vezes o amor é puro, como o dos amantes Paulo e Virginia, do romance homônimo do francês Bernardin de Saint-Pierre. Os dois se amam desde a infância, primeiro como irmãos e protetores um do outro, vivendo em meio a natureza de uma ilha praticamente isolada da civilização. Quando se descobrem amantes, os dois são separados e não resistem a distância.
Outras vezes, o amor pode ser impuro, como o de Ana Karênina e Vronsk do romance "Ana Karênina" do russo Leon Tolstói. Claro, tudo depende do que a sociedade considera certo ou errado e, isso depende do período histórico no qual o romance foi escrito.
E o que dizer dos amantes mais populares da literatura ocidental? Romeu e Julieta, personagens do inglês Shakespeare, tinham duas famílias inimigas e um amor tão intenso quanto o ódio nutrido pelos pais; depois de tramas complicadas eles preferiram morrer a viver separados.
No Brasil nós também temos inúmeras histórias de amor com finais felizes ou não. O que dizer de Bentinho e Capitu? Machado de Assis transformou Bentinho num "Dom Casmurro" e ele acabou se separando do amor pelo qual tanto lutara. A razão? O ciúme, sentimento que anda ao lado do amor e mais ao lado ainda da paixão.
Já Ceci e Peri de "O Guarani" viveram um típico amor romântico...a diferença cultural entre os dois, os inimigos que os atormentavam, a personalidade impecável do índio e da filha de europeus, tudo isso contribuiu para popularizar o casal como um dos maiores representantes do idealismo romântico brasileiro.
E o que dizer da Saga "O Tempo e o Vento" de Érico Verissimo? Ana Terra teve um desejo incessante por Pedro Missioneiro e foi fiel a ele por toda a sua vida, mesmo depois da morte do amado. Sua neta Bibiana continuou a saga das mulheres que pertenciam a um "homem só".
E outros existiram e viveram, sofreram e morreram por amor...e vão continuar existindo, pois, enquanto existir amor, existirá a arte.