sábado, 31 de outubro de 2009

O primeiro beijo - Clarice Lispector


Ao ler o título deste conto, o leitor tem reações adversas...o nome parece adolescente, mas é um conto de Clarice Lispector! A escritora intensa, apaixonante, "adulta". Clarice Lispector deixou bem claro neste conto, que os jovens têm direito a leitura de boa qualidade mesmo com temas simples ou da sua fase de vida.
O jovem casal de namorados está vivendo um momento único: o primeiro beijo. Como em muitos relacionamentos, surge um sentimento de posse e a namorada quer saber se foi também a primeira boca beijada pelo amado; muitas vezes, as pessoas exigem do parceiro aquilo que ela está entregando.
Para recordar a sua primeira experiência o namorado recorre a um recurso literário muito interessante, o Flashback, a volta ao passado. Numa tarde de viagem com a turma da escola, a janela aberta do ônibus permitia que uma brisa leve tocasse seu rosto, penetrasse em seus cabelos como se fossem dedos de uma mãe. Aquele "carinho" do vento aos poucos seca a boca do rapaz, que sente a vida se esvaindo junto com a água que perde. Nada mais sensual do que usar o vento como representação do sexo e a água como símbolo da vida.
Já quase morto de sede, uma sede subjetiva, não apenas física, o jovem encontra a salvação quando durante uma parada do ônibus, vê no meio de uma praça um chafariz que jorra água pela boca.
Correndo mais do que qualquer outro, ele cola sua boca à boca da estátua feminina e recupera aos poucos a "vida" que lhe fora tirada pelo vento que secou sua boca. A partir deste momento, várias interpretações são permitidas, inclusive a perda da inocência, justificada pelas definições do rapaz da sua vergonha e das mudanças ocorridas no seu corpo naquele momento intenso.
Ao constatar que "se tornara homem" o adolescente descobre que o amor transforma um menino em um homem de verdade.
Mais do que uma narrativa sobre um beijo primeiro, Clarice Lispector brinda o leitor com um conto que define o conceito de boa literatura para qualquer idade e para qualquer geração, já que o que ultrapassa as barreiras do tempo se torna clássico e, portanto, imortal.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Cazuza


Este texto é de autoria da Professora Maria Aparecida Miguel. Professora universitária na UENP de Cornélio Procópio, a professora Maria Aparecida Miguel (Cidinha, carinhosamente chamada pelos alunos), tem conhecimentos diversificados, entre eles, da cultura Rock e Pop brasileira.






"EU NUNCA ME ESQUECEREI QUE A NORMALIDADE É UMA ILUSÃO IMBECIL". (OSCAR WILDE)





OUTRO DIA RECEBI UM EMAIL DENOMINADO: “A MORTE DE UM IDIOTA” E FIQUEI CURIOSA. LI, PORQUE LEIO TUDO QUE VEM PARAR NA MINHA MÃO, ATÉ BULA DE REMÉDIO, ENTÃO EU LI O TEXTO, QUE ERA NO CASO UM EMAIL SOBRE O FILME CAZUZA, OU SEJA CAZUZA, O FILME.ACHEI O TEXTO PRECONCEITUOSO, NO MÍNIMO, POIS TRATAVA O FILME COMO UM ATO TOTAL PERVERSÃO DOS VALORES, E ME PERGUNTEI:QUE PAÍS E ESSE? ONDE AS PESSOAS AINDA PENSAM ASSIM, QUE PAÍS E ESSE, RENATO RUSSO?ADORO AS MÚSICAS DO CAZUZA ALIÁS, ESTOU OUVINDO UMA AGORA CHAMADA: CODNOME BEIJA-FLOR. BEM MAS O TEXTO DIZIA ENTRE OUTRAS COISAS QUE O CANTOR ERA UM MAL EXEMPLO, E O QUALIFICAVA COMO TRAFICANTE. SE ELE ERA BANDIDO OU NÃO, ISTO CABIA À JUSTIÇA, MAS COMO ESTA, SEMPRE É CEGA, PRODUTO DESTE MESMO PENSAMENTO BURGUÊS, QUE ORA, CONDENA O FILME. ESTA FACE DO CANTOR NÓS NÃO CONHECEMOS E, SINCERAMENTE, NÃO ME FEZ FALTA ALGUMA CONHECER.MELHOR DO QUE INVESTIGAR A VIDA DO ARTISTA, COMO A AUTORA DO EMAIL PROPUNHA, É SABOREAR AS MÚSICAS QUE O BARÃO VERMELHO PRODUZIA, E QUEM ERAM ÊXTASE PURO. OS ADOLESCENTES DA ATUALIDADE OUVEM O ROCK NACIONAL DA DÉCADA DE OITENTA E GOSTAM, E OS ADULTOS ÍDEM. ARTE É ARTE, E A ARTE NÃO MORRE, PORQUE ESTÁ NA ESSÊNCIA DO SER HUMANO. PARAFRASEANDO OS TITÃS, SÓ PARA NÃO ESQUECER O MATERIAL DE QUE É FEITO O ROCK: MAGIA E ENCANTO PUROS, PARA NÃO ESQUECER OS POLÊMICOS ROQUEIROS “A GENTE QUER COMIDA, DIVERSÃO E ARTE, A GENTE QUER INTEIRO E NÃO PELA METADE”. A GENTE QUER O CAZUZA, COM FILME, SEM FILME ALIÁS, A PELÍCULA NÃO MUDA NADA.AOS ADMIRADORES IMPORTA A MÚSICA DO CAZUZA QUE É BOA.OS ROQUEIROS ERAM E TODOS SABEM, QUASE TODOS USUÁRIOS DE DROGAS E ISTO, A MÍDIA NUNCA POUPOU, NOS SEUS ATAQUES DE SENSACIONALISMO, PRINCIPALMENTE QUANDO UMA ASTRO MORRE. A MAIORIA ERA DELES ERA HOMOSSSEXUAL E A SEXUALIDADE DESTES TAMBÉM NÃO NOS INTERESSA OU SEJA, ISTO NÃO VEM AO CASO SE DISCUTIMOS MÚSICA, ELES PRODUZIAM UM SOM DE QUALIDADE, NO ENTANTO, O TEXTO EM VOGA PARECE-ME PRECONCEITUOSO, A PONTO DE INSINUAR NAS SUAS ENTRELINHAS, QUE QUESTÕES COMO ESTAS NÃO DEVEM SER ABORDADAS. NO EMAIL EM QUESTÃO, SÓ É CERTO O QUE, NA VISÃO DA EUFÓRICA SENHORA, O QUE SEJA CONVENCIONAL, TREMENDA QUADRADA MESMO, PARA FALAR A BOA LÍNGUA CORRENTE, QUE TODO MUNDO FALA E SE ENTENDE MUITO BEM.ADORO RAUL SEIXAS, BARÃO VERMELHO( CAZUZA) , PARALAMAS DO ( SUCESSO ( HERBERT VIANA), LEGIÃO URBANA, CAPITAL INICIAL, IRA, ( MARAVILHOSA VOZ DO NAZI, DIGA SE DE PASSAGEM, E TODO ESTE PESSOAL DA DÉCADA DE 80.GOSTO DE GUNS N' ROSES, QUEEN (FRED MERCURY), THE DOORS (JIM MORRISON ) BEATLES (JOHN LENNON), ELVIS PRESLEY, ETC. TODOS NA MAIORIA ESMAGADORA ERAM CONSUMIDORES DE DROGAS, MORRERAM COMO DISSE O CAZUZA DE OVERDOSE, OU MORRERAM DE AIDS, QUE FOI A DOENÇA DA DÉCADA, MAS EU CREIO QUE QUEM OS MATOU DE FATO FOI O PRECONCEITO DE UMA SOCIEDADE EM QUE NÃO PODIA SE PRONUNCIAR A PALAVRA "SEXO", FRUTO DE UM GOVERNO ARBITRÁRIO QUE EMUDECIA E ATROFIAVA O DESENVOLVIMENTO HUMANO E A LIVRE EXPRESSÃO DE IDÉIAS, POR MEIO DE UMA SENSURA QUE REDUZIA O BRASILEIRO A UM ANIMAL COM MEDO. O CAZUZA ERA UM DOIDO, MAS NÃO ERA MENTIROSO, O FILME NÃO TROUXE NADA DE NOVO, TODO MUNDO JÁ SABIA QUE O CAZUZA ERA GAY, QUE USAVA INTORPECENTES E BEBIA E DAI? MAS NO QUE ESTES DADOS IRRELEVANTES DA BIOGRAFIA DO ROQUEIRO SE RELACIONAM COM A FORMAÇÃO DO CIDADÃO? SERÁ QUE AO INVÉS DE JOGAR OS SOBRE OMBROS DO CAZUZA, QUE ALIÁS, NÃO PODE SE DEFENDER, OS PROBLEMAS DA NAÇÃO, NÃO SERIA MELHOR PREOCUPAR-SE COM O FUNDAMENTAL, QUE VAI BEM MAIS ALÉM DO QUE A DEFESA DOENTIA DA MORAL E DOS BONS COSTUMES.TRANSFERIR A RESPONSABILIDADE DOS PROBLEMAS DE SEGURANÇA NO PÁIS, COMO SE OS ROQUEIROS FOSSEM OS VILÕES DESTE QUADRO É TÃO ABSURDO QUANTO A CRENÇA DE QUE ESTES MESMOS ROQUEIROS ALIMENTAM-SE DE CRIANCINHASSAÚDE, EDUCAÇÃO, SEGURANÇA PÚBLICA SÃO QUESTÕES EMERGENCIAIS E NÃO COMPETE A ESTES ARTISTAS AS MUDANÇAS NECESSÁRIAS. A ELES CABE Á CRÍTICA. POR FALAR NISTO, SAUDADE D0 TEMPO EM QUE O ROCK ERA INSTRUMENTO DE CRÍTICA. O QUADRO MUDOU MUITO.EU NASCI EM 1967, FUI ADOLESCENTE DURANTE A DÉCADA DE 80 E NÃO SOU UM "PERIGO PARA A SOCIEDADE", PELO MENOS NÃO QUE EU SAIBA AMEI E AMO O CAZUZA, E NEM POR ISTO ME TORNEI UMA USUÁRIA DE DROGAS ILÍCITAS, NUNCA FUI TRAFICANTE, TAMPOUCO PARTICIPO DE ORGIAS..HOJE EM DIA SOA COMO PRECONCEITUOSO DIZER QUE ESTES "HERÓIS" MORRERAM DE AIDS , PORQUE NÃO ESTÁ NA MODA ESTE DISCURSO,. HÁ VINTE ANOS ATRÁS ESTAVA . HOJE JÁ NÃO EXISTE GRUPO DE RISCO". A TELEVISÃO, ENQUANTO INSTRUMENTO DE CONSCIENTIZAÇÃO, É O MEIO MAIS RÁPIDO DE DIVULGAÇÃO DE ALGUMA IDÉIA . AS EMISSORAS DE TELEVISÃO LEVANTARAM A BANDEIRA CONTRA O PRECONCEITO QUE ATIRAVA O HOMOSSEXUALISMO Á MARGEM DAQUILO QUE ERA CONSIDERADO “NORMAL”. ATUALMENTE GRANDE PARTE DA POPULAÇÃO REAJE MELHOR A ESTA CIRCUNSTÂNCIA,OU SEJA, CONVIVE, ACEITA A IDÉIA , DIGO ACEITA PORQUE AOS POUCOS A SOCIEDADE TEM SE ACOSTUMADO COM ESTA “DIFERENÇA”. UMA NOVELA HÁ POUCO TEMPO ABORDOU O TEMA, NÃO SÓ NO TANGENTE AO HOMOSSEXUALISMO, BEM COMO DO BISSEXUALISMO, POR ISTO DIGO QUE O FOLHETIM MOSTROU UM CASAL CONSTITUÍDO POR TRÊS PESSOAS: UMA MULHER, UM HOMOSSEXUAL E UM HOMEM, QUE PELO CONTEXTO ERA BISSEXUAL.SABE DE UMA COISA TODO HOMOSSEXUAL MASCULINO É HOMEM, BOBAGEM DEBATER ESTE ASSUNTO “SER HOMEM É NASCER HOMEM, COM GENITÁLIA MASCULINA, E A PRIMEIRA COISA QUE TEMOS QUE APRENDER É ISTO. HOMOSSEXUAL É AQUELA PESSOA QUE SENTE DESEJO POR OUTRA PESSOA DO MESMO SEXO, CHAMAR O HOMOSSEXUAL DE “ELA” É QUE É PRECONCEITO, POIS CORRESPONDE A DIZER QUE UM ELEMENTO TEM O SEXO DIFERENTE DO OUTRO DENTRO DA PARCERIA, OU SEJA TRATA-SE DA CONVENCIONALIDADE BURGUESA A QUALQUER CUSTO O CAZUZA ASSUMIA ISTO, ERA GAY E PRONTO E QUE SE DANASSE, AS PISCINAS CHEIAS DE RATOS, A PISCINA DOS OUTROS, CLARO! A PISCINA DELE, OU SEJA A SUA VIDA FOI VIVIDA INTENSAMENTE.MAS, DIZER QUE UM JOVEM ASSISTIR A UM FILME VAI MUDAR SUA PERSONALIDADE É UM DISCURSO GASTO E DEMAGÓGICO.AO LER O EMAL PENSEI: NOSSA QUE ESTRESSADA E RIDÍCULA É ESTA MULHER!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!QUE FALTA DE SENSO DE HUMOR.QUANTOS ANOS TEM ESTA MÚMIA, QUE NÃO VIVEU A TEMPO DE OUVIR “A MÚSICA URBANA” DO CAPITAL INICIAL, FAROESTE CABLOCO DO LEGIÃO, LOIRAS GELAS E ALVORAVA VORAZ DO RPM, PARA NÃO FALAR DOS TITÃS QUE CONTINUAM ATUALÍSSIMOS, E TANTAS OUTRAS BELEZAS, PRODUTO LEGÍTIMO DA ARTE,QUE ENCANTAM ATÉ HOJE, POIS ESTA NOVA GERAÇÃO, QUE É BEM MAIS FELIZ, PODE TIRAR A MÁSCARA E A MORDAÇA E DIZER NA BELA MÚSICA SERTANEJA QUE HOMEM TAMBÉM AMA, QUE SOFRE, QUE AS MULHERES SÃO RAINHAS, DEUSAS, QUE SOFREM POR SOLIDÃO E SAUDADE , QUE SE ARREPENDERAM DE NÃO TER AMADO MAIS.SÓ FALTA DAQUI A VINTE ANOS APARECER OUTRA MÚMIA DESTE CALIBRE, A TAL QUE NÃO GOSTA DO CAZUZA, E DIZER QUE A MÚSICA SERTANEJA DEFORMA A PERSONALIDADE DOS JOVENS.E, ISTO NÃO CUSTA CONTECER!!!!!!!!!!!SABE ESTA DONA ESTÁ, NO MÍNIMO, EQUIVOCADA, POIS A VIDA É MAIS QUE UMA CARTILHA DE COSTUMES PARA SE DECORAR. È EMOÇÃO, ADRENALINA, SORRISO, LÁGRIMA, ERROS, ACERTOS E MUITO MAIS. È UMA ETERNA CHANCE DE CRESCER, DE SER MAIS, DE SER MELHOR.



P.S. MAIS VALE UM IDIOTA DE CONSCIÊNCIA LIVRE MORTO, DO QUE UM ASNO CONTROLADO PELA VOZ DOS OUTROS VIVO.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Quando a Literatura invade a TV brasileira...


Muitos espectadores reclamam da qualidade das atuais produções televisivas nacionais. Embora não desliguem seus aparelhos de TV, as pessoas sentem carência de qualidade nas novelas das pricipais redes de Televisão do país.
Novelas recheadas de clichês, minisséries que começam bem mas se perdem no meio do caminho, séries de humor que não respeitam a dignidade humana e vivem de piadas preconceituosas...são algumas das reclamações que ouvimos em qualquer conversa informal.
Algumas belas produções já digficaram a programação brasileira. O Escritor gaúcho Érico Verissimo por exemplo, já teve sua obra mais apreciada pela crítica adaptada em forma de minissérie: "O Tempo e o Vento" foi uma produção do ano de 1985 e contou com um ótimo elenco, como Glória Pires no papel de Ana Terra e Tarcísio Meira dando vida ao Capitão Rodrigo. No ínicio da década de 80, o romance mais popular de Érico Verissimo havia ganhado espaço entre a programação noturna...a novela "Olhai os lírios do campo" era baseada na obra homônina do autor.
Na década de 90, precisamente em 1994, o romance recheado de realismo fanstástico "Incidente em Antares", também do escritor gaúcho, era transformado em minissérie de grande sucesso. Alguns ingredientes da obra genial colaboraram para isso, a originalidade foi um deles. Alguém já havia visto alguma coisa igual na TV? Um grupo de mortos que resolve infernizar a cidade e os parentes exigindo o direito de serem sepultados, mesmo com uma greve geral no local?
Agora, se um escritor pode se gabar de ser o mais "adaptado", este autor é o baiano Jorge Amado. "Tieta", "Dona Flor e seus dois maridos", "Teresa Batista cansada de guerra", "Grabriela cravo e canela", são alguns dos grandes sucessos nos quais suas obras de transformaram ao serem reproduzidas na TV.
O genial Machado de Assis também teve obras transportadas para TV. Em 2008, a série "Capitu" trazia o enredo de "Dom Casmurro" para a telinha.
Outra obra de Machado, o romance "Helena" ganhou adaptação em duas emissoras de TV.
O romântico José de Alencar teve sua obra "Senhora" adaptada há muitos anos em forma de telenovela, recentemente, sua triologia de perfis femininos (Senhora, Diva e Lucíola) ganharam adaptação no mesmo formato, como o título de "Essas Mulheres".
Joaquim Manuel de Macedo foi outro romântico que teve a obra levada às telas da TV; seu romance mais popular "A Moreninha" possuía todas as características que pertitiram sua adaptação em forma de telenovela na década de 70.
A telenovela "Fera Ferida" do ano de 1993, foi baseada em personagens e tramas de Lima Barreto, principalmente nos romances "Clara dos Anjos", "Recordações do escrivão Isaías Caminha", "Triste fim de Policarpo Quaresma" e "Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá" , al´me dos contos "Nova Califórnia" e "O Homem que Sabia Javanês". Outra característica importante era a presença de um personagem chamado Afonso Henriques, em homenagem ao escritor que tinha estes dois nomes. O personagem ficcional, assim como o real, sofria com o vício da bebida.
O romance "Grande Sertão Veredas" de Guimarães Rosa também ganhou vida na telinha em forma de minissérie, assim como outros romances de escritores nordestinos como "Riacho Doce" de José Lins do Rêgo e "Memorial de Maria Moura de Rachel de Queiroz. Este último sofreu duras críticas da autora, que reclamou da falta de fidelidade à obra original. Rachel de Queiroz chegou a afirmar em entrevistas que não conseguia encontrar seu romance naquela produção, pois apenas o título era fiel a saga de Maria Moura escrita por ela.
Nas décadas de 60 e 70, algumas TVs (muitas hoje já extintas), adaptaram para o público brasileiro obras estrangeiras, como "Os Irmãos Corsos" de Alexandre Dumas Pai, "O Morro dos Ventos Uivantes" de Emily Brontë, entre outros. Um caso muito conhecido é o do romance "A Cabana do Pai Tomás" de Harriet Beecher Stowe. Adaptado como novela entre os anos de 1969 e 1970, a produção gerou polêmica ao utilizar o ator Sérgio Cardoso pintado com tinta preta para protagonizar a telenovela como o escravo Tomás. A trama acabou se perdendo e hoje esta adaptação é lembrada como um grande desperdício, uma grande obra mal utilizada.
O português Eça de Queiroz também teve seu momento na TV brasileira, através das séries "O Primo Basílio" e "Os Maias", inspirados em suas obras homônimas.
Outro português que ganhou adaptação de seu romance em telas brasileiras foi Júlio Diniz. Seu romance mais popular "As Pupilas do Senhor Reitor" já teve várias adaptações, sendo a mais recente, do ano de 1994.
A grande riqueza de um país é a sua cultura. Adaptar obras grandiosas para a televisão, que é o veículo de comunicação mais popular no Brasil, é uma forma de popularização desta arte, embora a população deva ter consciência de que nada substitui a leitura dos livros originais. Os adaptadores também tem que ter respeito pelos autores dos romances e contos que vão adaptar, afinal de contas, a essência deve permanecer, mesmo que a ditadura da rapidez e do comérico televisivo peçam o contrário.


sábado, 17 de outubro de 2009

Jane Austen




A escritora inglesa Jane Austen, deu a Literatura de seu país clássicos atemporais, que encantam gerações.
A escritora era filha de um pastor anglicano e nasceu em 16 de Dezembro de 1775 em Hampshire, vivendo numa sociedade conservadora. Como grande observadora dos costumes cotidianos, a jovem Austen narrava estes costumes com uma aguda percepção psicológica e uma sutil ironia na forma de criticar os interesses sociais ligados as relações humanas.
Embora levasse uma vida discreta ao lado da família, biografias apontam o jovem Tom Lefroy como grande amor da vida de Jane e apesar das informações sobre a vida sentimental da escritora serem poucas, no filme "Amor e Inocência" (Becoming Jane), o romance é bem explorado, o que leva os fãs o classificarem o filme como "ficcional" demais.
A leitura de Jane Austen também já foi tema de uma produção cinematográfica, em "O clube de leitura de Jane Austen", Cinco mulheres e um homem fazem parte de um grupo de leitura dos livros de Jane Austen, através do qual passam a aceitar melhor as mudanças ocorridas em suas vidas. Outros filmes, como "A casa do lago", citam obras da escritora.
Embora seus livros tratassem das peripécias amorosas de damas e cavalheiros em busca do par perfeito, Jane permaneceu solteira, até sua morte, que ocorreu no dia 18 de julho de 1817. Os sintomas da doença que tiraria sua vida começaram em 1815. Dores nas costas, cansaço, fraqueza, davam sinais do mal de Addison, doença pouco conhecida na época, que tornou Jane cada vez mais fraca. Biógrafos afirmam que quando morreu, a escritora estava paraplégica há algum tempo.




Da obra de Jane Austen destacam-se:


* A abadia de Northanger.


* Emma.


* Mansfield Park.


* Orgulho e Preconceito (seu romance mais popular).


* Razão e Sensibilidade.


*Persuasão.


Além de muitos outros.


sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A Pequena Sereia - Hans Christian Andersen


Quando li pela primeira vez, "A Pequena Sereia" do dinamarquês Hans Christian Andersen, confesso que esperava outra coisa. A imagem da sereiazinha Ariel, criada pela Disney, povoava minha mente de criança aos dez anos. O que eu encontrei foi uma estória que até então, eu não entendia. A estória de um amor intenso, impossível, de doação, de martírio...A sereia, um ser marítimo, famosa pela bela voz e pelos sedutores cabelos...características que encantam os marinheiros, que se apaixonam e deixam-se levar pelas criaturas do oceano; se apaixona por um humano e no ardor da sua paixão, aceita vender sua maior dádiva, sua bela voz, para uma bruxa, a troca de ter as tão necessárias pernas, que a levariam ao encontro do seu grande amor. Além de perder sua voz, a sereia precisaria conquistar e casar-se com seu grande amor, caso contrário, transformaria-se em espumas ao mar, já que abrira mão de sua imortalidade e as sereias não têm alma, por isso, não podem morrer. Ela sofreria também, ao caminhar, a dor de facas penetrando seus pés. Estes sofrimentos impostos, não levaram a sereia apaixonada a desfazer seu plano de viver um grande amor.
Falhando em seu plano, já que o amado ficou noivo de outra, a sereia estava condenada a um destino cruel, que se consolidaria numa viagem de navio que ela fazia junto com outros convidados para o casamento do jovem com sua noiva humana. As irmãs da sereia procuram a bruxa e buscam uma saída para a irmã: elas dariam seus cabelos em troca de um punhal com o qual a sereia apaixonada deveria matar seu amdo antes do casamento, livrando-se assim, dos martírios que lhe estavam destinados.
Como o amor pelo jovem humano, falava mais alto em seu coração que o amor pela vida, a pequena sereia deixa que os noivos se casem e cumprindo sua sina, se transforma em espumas ao mar.
Uma estória macabra (errôneamente classificada como conto de fada), sobre um amor que levou a bela voz do mar a se calar e a dar a vida pelo homem amado, mesmo que ele não lhe pertencesse.




sábado, 10 de outubro de 2009

Conto - A Literatura rápida e de boa qualidade


O conto é uma forma literária muito antiga, bem anterior ao romance, que só foi definido após a Revolução Francesa, o conto já era um estilo conhecido. Um bom exemplo são os contos de Fada, os Irmãos Grimm e Charles Perrault trouxeram ao público estórias tradicionais européias, contadas por pessoas simples. Não fosse este feito dos Irmãos Grimm e de Perrault, muitas destas estórias teriam morrido junto com aquelas gerações.
No século XIX, o norte-americano Edgar Allan Poe deu nova vida ao conto de terror e contribuiu para a formação do conto policial. Antes de Poe, a Literatura de terror era constituída por romances fantasmagóricos, cercados de lugares assombrados, almas de outro mundo e figuras bizarras. Coube a Poe restaurar este estilo, com estórias que exploram a figura humana degradada psicológicamente. O pesonagem do Detetive Dupin, criado por Poe nos "Crimes da Rua Morgue" inspirou a criação do mais famoso e popular detetive da cultura mundial, Sherlock Holmes, pelo escritor britânico Sir Arthur Conan Doyle.
No Brasil, o século XIX também foi própero no gênero do conto, pois neste período surgiu um dos maiores contistas da Literatura escrita em língua portuguesa: Machado de Assis (também mestre do romance). Machado de Assis soube dar vigor ao conto, enquanto na Literatura Brasileira o romance e a poesia prevaleciam; muitos de seus contos tornaram-se populares e apreciados pela crítica.
No século XX e XXI, o conto é visto por muitos críticos como a Literatura contemporânea por excelência, por proporcionar ao leitor uma leitura rápida que combina com os tempos modernos e a velocidade tecnológica a qual a sociedade obedece.
Mas um gênero não dispensa o outro, mesmo que os tempos mudem e a sociedade se transforme. A chegada do romance não anulou a poesia. O sucesso do conto não vai anular o romance. O conto e o romance são diferentes e sua diferença não se resume a questões de extensão. A linguagem do conto é condensada e ó enredo apresenta dramas únicos, com poucos personagens e geralmente um desfecho trabalhado, um "fechar com chave de ouro". O romance, por sua vez, apresenta no enredo tramas paralelas vividas por personagens secundários, enquanto o protagonista e antagonista vivem suas estórias.
Certas vezes, os personagens secundários são construídos de uma forma tão magnífica que ganham destaque e análise cuidadosa. É o caso do romance "Ana Karênina" de Leon Tolstói, no qual o personagem Liêvin vive um enredo a parte do desenrolar da trama principal, da adúltera Ana. Liêvin é uma opção de análise, pois é um personagem intenso, um homem do campo que não se adapta as grandes metrópoles da época, isso faz com que viva isolado em sua fazenda, com seu ciúme e sua paixão pela jovem Kitty, enquanto Ana Karênina vive seus dramas sentimentais e de consciência.
De qualquer forma, conto e romance sempre serão dois gêneros essenciais para a Literatura, pois, condensam em si, todos os encantos da narrativa.


terça-feira, 6 de outubro de 2009

Personagens Apaixonantes


Quando eu li "A Escrava Isaura" eu fiquei pensando no Álvaro muitos dias. Como a Isaura era abençoada por ter um homem íntegro e belo daqueles ao seu lado, lutando por ela e amando-a acima de tudo! Mas quando eu aprendi sobre Teoria da Literatura que aqueles cavalheiros eram fruto da idealização romântica e provavelmente nunca existiram, eu me senti desapontada. Comecei então, a notar que os personagens não precisavam da perfeição para tornarem-se apaixonantes.
Por isso, quando lemos "O Morro dos Ventos Uivantes", nos sentimos atrídos por Heathcliff, um homem rude, nada idealizado, que cresceu como as plantas no campo, sem educação ou princípios. Catherine, por sua vez, é uma geniosa inglesa que ama Heathcliff mas não tem coragem de assumí-lo perante a sociedade. Apesar do seu temperamento difícil, não há como deixar de apreciar a construção desta personagem.
E muitos outros vieram e virão... Mr. Rochester, Mr. Darcy, Capitão Rodrigo, Capitu, Ana Terra...
Para evocar os sentimentos do leitor e acordá-lo das suas distrações diárias, um personagem não precisa ser moralmente correto, ele precisa ser intenso e isso é o que grandes autores conseguem através de suas construções abilidosas.
Machado de Assis cria um romance clássico com um casal que será lembrado para sempre: A sedutora e misteriosa Capitu e o mimado e amargurado Bentinho. Uma mulher que sobreviveu a todos os clichês possíveis e se estabeleceu como símbolo da sedução, pois deixar uma sociedade machista e conservadora como a do século XIX em dúvida sobre uma possível traição, atraídos pelos olhos de ressaca de uma moça desde cedo descrita como dissimulada não é pra qualquer uma não!
E o que dizer do Capitão Rodrigo da saga "O Tempo e o Vento" de Érico Verissimo? Mulherengo, amante da guerra e dos prazeres de cama e mesa, ele provoca no leitor sentimentos contraditórios; raiva do seu comportamento rebelde e pouco ortodoxo que faz sofrer sua esposa Bibiana, compaixão, por um homem que vê a guerra como simples diversão e acaba sendo vítima dela própria.
Ana Terra, que vem do mesmo romance que o Capitão Rodrigo, vindo a ser a avó de sua esposa, é símbolo da luta e da força feminina, quando se entrega a um bugre empregado de seu pai, quando luta pela família mesmo depois de violentada por muitos inimigos de guerra, quando encara a realidade e vai embora de sua terra destruída para um vilarejo que ainda estava nascendo, quando mata o índio que oferecia perigo à seu amado filho...
São só alguns exemplos de que para entrar para a história da Literatura de qualquer cultura, um personagem pode afrontar a moral, viver situações inusitadas...ou não. Basta que ele seja construído de forma intensa, e quando consegue esta proeza, o bom escritor é facilmente indentificado quando colocado em comparação com um escritor vazio, que faz com que a leitura de seus romances seja mero passa tempo, pois seus personagens não seduzem o leitor para morar por muito tempo em sua imaginação.

sábado, 3 de outubro de 2009

AQUELES DOIS - Caio Fernando Abreu


O conto "Aqueles Dois" é subjetivo do início ao fim. Sem levantar bandeiras, Caio Fernando Abreu conta uma estória que sintetiza o verdadeiro significado da palavra Preconceito, um conceito que as pessoas adquirem antes de conhecer alguém ou alguma coisa, antes de entenderem uma situação.
Os nomes dos personagens são semelhantes: Raul e Saul. Um Loiro o outro moreno. Um com Trinta e um anos o outro com vinte e nove. Um do Sul o outro do Norte. Os dois passaram no mesmo concurso, mas não se encontraram durante as provas.
Ao chegar na repartição pública, um prédio desprovido de vida, que mais parecia um hospital, com pessoas nada interessantes, que na maioria das vezes, trabalha sem nenhum objetivo maior do que receber seu salário no fim do mês. Entre estes "fantasmas" encontram-se dois homens com experiências parecidas: um acaba de sair de um casamento fracassado, três anos e nenhum filho. O outro, acaba de sair de um noivado eterno, tão eterno que um dia acabou.
Logo, mesmo entre a timidez do desconhecido, Raul e Saul começam uma amizade terna e subjetiva. Aos poucos, eles se tornam necessários um para o outro, mesmo que tentem esconder isso de si próprios, andando de um lado para o outro enquanto esperam uma notícia do amigo.
As músicas que ouvem, os presentes que trocam, a falta que um sente do outro, a companhia que se torna uma necessidade...tudo isso prococa risos desfarçados das moças da repartição pública.
Quando num dia os dois se atrasam para o serviço e chegam com os cabelos molhados, a situação se transforma. Agora não eram só indícios. Para os demais funcionários era uma prova.
Ao demitir Raul e Saul para manter a "moral" daquele prédio sem vida, o chefe colabora para que o ar fantasmagórico predomine no local, pois, quando aqueles dois saem juntos e vão embora no mesmo táxi, os demais funcionários entendem que seriam infelizes para sempre, deixando para o leitor a missão de interpretar se Raul e Saul teriam o mesmo destino deles ou não.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Orgulho e Preconceito - Jane Austen


Jane Austen tem uma característica muito particular. Através de romances com temas considerados simples, ela constrói um retrato da sociedade inglesa do final do século XVIII e meados do século XIX. Jane não toma partido desuas heroínas, deixa para o leitor a tarefa de julgar se elas são fúteis ou apenas vítimas de uma época na qual a mulher não tinha muitas escolhas, além de conseguir um bom casamento que lhe garanta um futuro tranquilo.
Seu romance mais popular é, com certeza, "Orgulho e Preconceito", citado em inúmeros filmes românticos. O romance deixa as mulheres a espera do seu Mr. Darcy e os homens a procura de uma Lizzy Bennet.
A família Bennet não teve a sorte de ter um herdeiro, por isso, segundo o costume da época, um sobrinho de Mr. Bennet herdaria a propriedade única da família quando o tio partisse. A Senhora Bennet tem consciência de que suas cinco filhas e ela mesma ficarão abandonadas a prórpia sorte quando seu marido falecer, portanto, resume sua vida num único propósito: arranjar casamentos para as cinco jovens Bennet. A mais velha é a doce e compreensiva Jane, a segunda é a forte e segura de si Elisabeth, ou Lizzy como queiram. A terceira é a despreocupada e musical Mary, a quarta é a fútil Catherine, que por sua vez, tem como mentora a mais jovem das irmãs, a espevitada Lydia.
Com a vinda dos Senhores Bingley e Darcy para o remoto povoado, as famílias ficam todas eufóricas, já que os dois jovens são ricos herdeiros, o que os torna bons partidos para a maioria das moças da região, pobres camponesas sem dote.
"Orgulho e Preconceito" são os sentimentos que povoam os corações do casal protagonista, Mr. Darcy e Elisabeth Bennet. Ele, orgulhoso jovem rico que não se sente a vontade por amar uma jovem pobre e inferior à sua classe. Ela, preconceituosa graças a imagem criada na sua mente depois do primeiro baile, no qual Mr. Darcy recusa-se a dançar com as jovens da região.
Depois de muitos desentendimentos, o romance tem um desfecho feliz. Mr. Darcy e Lizzy conseguem vencer seu orgulho e seu preconceito e aceitam cultivar dentro de si um amor compreensivo que apaga qualquer mancha do passado.
Mr. Darcy é um personagem muito bem construído, um anti-herói que com sua personalidade forte e sua originalidade conquista os leitores, que mesmo assistindo a atitudes não muito simpáticas da sua parte no início do romance, confiam no caráter do jovem inglês, que embora não tenha nenhum título nobre, termina o romance com ares de Lord, que até nos dias atuais, encanta as mocinhas que sonham com o homem perfeito.