sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal!


Deixo vocês com este belo conto...


A noite em que os hotéis estavam cheios - Moacyr Scliar

O casal chegou à cidade tarde da noite. Estavam cansados da viagem; ela, grávida, não se sentia bem. Foram procurar um lugar onde passar a noite. Hotel, hospedaria, qualquer coisa serviria, desde que não fosse muito caro.
Não seria fácil, como eles logo descobriram. No primeiro hotel o gerente, homem de maus modos, foi logo dizendo que não havia lugar. No segundo, o encarregado da portaria olhou com desconfiança o casal e resolveu pedir documentos. O homem disse que não tinha, na pressa da viagem esquecera os documentos.
— E como pretende o senhor conseguir um lugar num hotel, se não tem documentos? — disse o encarregado. — Eu nem sei se o senhor vai pagar a conta ou não!
O viajante não disse nada. Tomou a esposa pelo braço e seguiu adiante. No terceiro hotel também não havia vaga. No quarto — que era mais uma modesta hospedaria — havia, mas o dono desconfiou do casal e resolveu dizer que o estabelecimento estava lotado. Contudo, para não ficar mal, resolveu dar uma desculpa:
— O senhor vê, se o governo nos desse incentivos, como dão para os grandes hotéis, eu já teria feito uma reforma aqui. Poderia até receber delegações estrangeiras. Mas até hoje não consegui nada. Se eu conhecesse alguém influente... O senhor não conhece ninguém nas altas esferas?
O viajante hesitou, depois disse que sim, que talvez conhecesse alguém nas altas esferas.
— Pois então — disse o dono da hospedaria — fale para esse seu conhecido da minha hospedaria. Assim, da próxima vez que o senhor vier, talvez já possa lhe dar um quarto de primeira classe, com banho e tudo.
O viajante agradeceu, lamentando apenas que seu problema fosse mais urgente: precisava de um quarto para aquela noite. Foi adiante.
No hotel seguinte, quase tiveram êxito. O gerente estava esperando um casal de conhecidos artistas, que viajavam incógnitos. Quando os viajantes apareceram, pensou que fossem os hóspedes que aguardava e disse que sim, que o quarto já estava pronto. Ainda fez um elogio.
— O disfarce está muito bom. Que disfarce? Perguntou o viajante. Essas roupas velhas que vocês estão usando, disse o gerente. Isso não é disfarce, disse o homem, são as roupas que nós temos. O gerente aí percebeu o engano:
— Sinto muito — desculpou-se. — Eu pensei que tinha um quarto vago, mas parece que já foi ocupado.
O casal foi adiante. No hotel seguinte, também não havia vaga, e o gerente era metido a engraçado. Ali perto havia uma manjedoura, disse, por que não se hospedavam lá? Não seria muito confortável, mas em compensação não pagariam diária. Para surpresa dele, o viajante achou a idéia boa, e até agradeceu. Saíram.
Não demorou muito, apareceram os três Reis Magos, perguntando por um casal de forasteiros. E foi aí que o gerente começou a achar que talvez tivesse perdido os hóspedes mais importantes já chegados a Belém de Nazaré.



sábado, 17 de dezembro de 2011

17 de dezembro - aniversário de Érico Veríssimo

No ano de 1905, na cidade de Cruz Alta, estado do Rio Grande do Sul, nascia neste dia 17 de dezembro o grande escritor Érico Veríssimo. Entre tantas obras importantes, destaco a saga "O Tempo e o Vento", da qual surgem personagens clássicos como o casal Ana Terra e Pedro Missioneiro e o valente e destemido Capitão Rodrigo Cambará. Outros personagens famosos na Literatura brasileira foram criados por Érico no chamado "Ciclo de Clarissa", romances que apresentam o cotidiano da vida na capital gaúcha e das pequenas cidades do estado, cobertas pelo tradicionalismo das famílias abastadas (algumas já não tão abastadas, como a do próprio escritor). A menina Clarissa, que o leitor acompanha desde os 14 anos até tornar-se uma mulher, seu primo Vasco Bruno com suas aventuras (que incluem guerras e romances), o amargurado Amaro, pianista frustrado apaixonado pela jovem Clarissa, o angustiado Eugênio, dividido entre a pobreza da família e o orgulho de se tornar um homem rico livrando-se de toda humilhação que sua condição financeira na infância acarretou; não podemos nos esquecer de Olívia, com suas cartas e seus pensamentos cristãos; e o que dizer dos mortos que voltam para reclamar seus direitos em "Incidente em Antares"? São tantos personagens que eu não conseguiria citar, acabaria cometendo injustiças, como esquecer da obra de Érico Veríssimo voltada para o público infantil, ou do soldado americano atormentado pela guerra e pelos conflitos pessoais em "O Prisioneiro".
O importante para mim é que Érico Veríssimo seja lembrado hoje om toda sua grandeza de homem consciente e escritor exemplar de grande importância para a literatura de língua portuguesa.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

16 de Dezembro

Olá amigos leitores do blog...
Há exatamente 26 anos, no dia 16 de dezembro, eu estava vindo ao mundo durante uma noite chuvosa. Mas este post não é só para falar do meu aniversário não, na verdade, neste mesmo dia 16 de dezembro nasceram dois escritores muito importantes para a Literatura mundial: são eles Jane Austen e Olavo Bilac.
A grande escritora inglesa Jane Austen nasceu no ano de 1775, em Steventon, no condado de Hampshire, filha do pastor anglicano George Austen e Cassandra Leigh.
A importância de Jane para a literatura é notável, pois seus livros se tornaram grandes clássicos mundiais e continuam amados até hoje, inspirando filmes, séries de TV e estudos sobre a obra de Austen.
O mais popular talvez seja "Orgulho e Preconceito", mas Jane também nos deixou "Razão e Sensibilidade", "A Abadia de Northanger", "Mansfield Park", "Emma" e por fim, o meu favorito "Persuasão".
No ano de 1915 Jane começou a sentir dores nas costas, fraqueza e muito cansaço. Os médicos nunca chegaram a um diagnóstico preciso, mas hoje, analisando os sintomas, existe uma certa inclinação pela Doença de Addison, doença rara e crônica em que as glândulas suprarrenais não produzem hormônios esteroides suficientes. Alguns dos sintomas são dores abdominais e fraqueza. Foi descrita pela primeira vez por Thomas Addison, em 1885, quase 40 anos após a morte de Jane Austen, que veio a falecer aos 41 anos, na manhã de 18 de julho de 1817. Quando morreu, a escritora já estava muito debilitada.
Já o "Príncipe dos Poetas" Olavo Bilac teve vida mais longa. Ele nasceu no dia 16 de dezembro de 1865 no Rio de Janeiro (capital) e faleceu na mesma cidade, em 28 de dezembro de 1918.
Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, criou a Cadeira nº. 15, que tem como patrono Gonçalves Dias.
Sua obra poética enquadra-se no Parnasianismo, que teve na década de 1880 a fase mais fecunda. Embora não tenha sido o primeiro a caracterizar o movimento parnasiano, pois só em 1888 publicou "Poesias", Olavo Bilac tornou-se o mais típico dos parnasianos brasileiros, ao lado de Alberto de Oliveira e Raimundo Correia. Bilac foi, no seu tempo, um dos poetas brasileiros mais populares e mais lidos do país, tendo sido eleito o “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, no concurso que a revista Fon-fon lançou em 1º. de março de 1913.
A sua obra pode ser disposta da seguinte forma: Poesias (1888); Crônicas e novelas (1894); Crítica e fantasia (1904); Conferências literárias (1906); Dicionário de rimas (1913); Tratado de versificação (1910); Ironia e piedade, crônicas (1916); Tarde (1919); Poesia, org. de Alceu Amoroso Lima (1957), e obras didáticas.
Foi também um notável conferencista, escreveu contos e crônicas e, embora mais tarde os Parnasianos tenham sido o principal alvo de críticas dos Modernistas, Olavo Bilac tem destaque na Literatura como um dos mais típicos e perfeitos dentro do estilo Parnasiano.