quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Romantismo - em busca da sociedade perfeita


Se a Revolução francesa deu novos rumos para a organização social do mundo, não poderia deixar de influenciar o pensamento ocidental. Uma nova classe conquistava o poder, os nobres perdiam suas cabeças e seus tronos e os burgueses eram os novos dominantes. Se antes a Arte era produzida apenas para um público restrito, agora precisaria ganhar ares mais comerciais e populares, precisaria alcançar pessoas a quem a educação fora negada por muito tempo. As grandes epopéias perdiam lugar e surgia o ROMANCE, forma de escrita mais acessível e coerente com os novos tempos. Publicado em folhetins, o romance deixava o leitor na expectativa de um novo capítulo, com novas aventuras ou tramas amorosas. Os jornais tinham uma grande tiragem e isso produzia lucro, era o pensamento capitalista que invadia a Literatura.
"Liberdade, Igualdade e Fraternidade" era os lema da Revolução e guiava os heróis do "novo mundo" que surgia.
A Burguesia precisava se firmar e, por isso, surgiu um estilo de arte que servia a esta classe: o Romantismo. Na literatura, muitos críticos afirmam que o Romantismo é o movimento feito PELA Burguesia PARA a Burguesia. Era preciso mostrar que a sociedade agora estava perfeita, os pilares dela estavam bem assentados e nunca se romperiam. A família, a religião cristã, o amor...eram idealizados em enredos feitos sob medida para serem lidos nos saraus pelas moças apaixonadas e pelos cavalheiros de boa índole. As poesias privilegiavam uma linguagem extremamente sentimental, sem preocupar-se com a Forma, visando a liberdade neste sentido.
O sentimentalismo exagerado, a idealização, o subjetivismo, individualismo, muitas vezes a ingenuidade, eram marcas do novo estilo que surgia.
Muitos romances eram escritos seguindo uma fórmula: dividir o mundo entre BEM e MAL. Se havia o mal, precisava haver um heroi. Como nasceu no continente europeu, o heroi do Romantismo no velho mundo era o cavalheiro medieval, que servia a religião e ao amor acima de tudo, lutando pela pátria e pela mulher amada sem medo, coberto por uma coragem inumana.
Como no Brasil não tivemos a Idade Média e os cavalheiros de armadura, o escolhido para heroi foi o índio, que de tão idealizado, diversas vezes parecia mais um europeu preso ao corpo de um selvagem das Américas. Peri e I-Juca Pirama não me deixam mentir.
Depois vieram os pessimistas, o pensamento deprimido que levava jovens a verem na morte a única saída para a impotência que temos diante do mundo e seus males. Lord Byron foi um grande nome e influenciou poetas do mundo inteiro, entre eles, nossos brasileiros Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu.
A mulher era um anjo intocável, uma dozela pura de corpo e alma e perfeita nos dois extremos. O amor bastava por si próprio e muitos amantes poderiam viver e se alimentar apenas de uma imagem, de uma lembrança, sem necessidade da presença física. Claro que a distância causava sofrimento e este sentimento era cantado de uma forma muito intensa na obra do sofredor.
Depois vieram os tempos mais amenos, nos quais os amores já não precisavam estar distantes e o amor carnal já era cantado pelos cavalheiros sem que eles perdessem a honra. Foi numa época em que o Romantismo voltou-se verdadeiramente para o conceito de liberdade e os românticos não fechavam mais os olhos para a relidade a sua volta. Seriam anúncios de uma nova estética que surgiria no final do século XIX? O certo é que o francês Victor Hugo foi um dos principais escritores a difundir a ideia da liberdade que era representada pelo CONDOR, pássaro que voa livre pela Cordilheira dos Andes e representa como ninguém o que é ser livre. No Brasil, temos figuras ilustres desta época, como o baiano Castro Alves, que na poesia uma forma de gritar a revolta contra o sistema escravocrata em nosso país. As condições de transporte dos africanos através do navio negreiro, a saudade da terra natal, o choro da Mãe Africa pelos seus filhos levados, foram alguns dos temas utilizados pelo poeta e dramaturgo na sua obra abolicionista.
Embora tenha sido (e ainda seja) muito criticado pelas estéticas literárias posteriores, o Romantismo tem grande valor por marcar o início de uma nova Era na Literatura, que acompanhava o pensamento e a filosofia dos novos sistemas finaceiros e sociais que surgiam. Grandes obras se tornaram clássicos e, por isso, tornaram-se atemporais, sendo contempladas com admiradores até nossos dias, pois não podemos afirmar um fim cronológico para o movimento, já que ele continua vivo e vai se perpetuar na História, embora a sociedade se volte cada vez mais para o materialismo e o objetivismo.



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