sábado, 7 de novembro de 2009

Modernismo (contexto histórico)


Após os governos militares do início da República, os senhores rurais retornavam ao poder, fortalecidos então pela vigorosa economia do café, que girava em torno do eixo São Paulo - Minas Gerais. A partir do governo de Campos Sales (1.898 - 1.902), foi instituída "Política dos Governadores", ou seja, os governadores apoiavam o governo federal e este apoiava os governos Estaduais. Essa situação acabou gerando as oligarquias, ou seja. Família ou grupos políticos que se perpetuavam no poder. No cenário nacional, os presidentes passavam a ser eleitos ora por São Paulo ora por Minas Gerais, resultando na famosa política do café-com-leite, que perdurou até 1.930. Por outro lado, as principais cidades brasileiras, em particular a cidade de São Paulo conheceram uma rápida transformação como decorrência do processo industrial. Foi a primeira guerra mundial (1.914 - 1.918) a responsável pelo surto de industrialização e conseqüente urbanização: 1.907 contávamos 3.358 indústrias no Brasil; 1.920 esse número chegou a 13.336. Isso significou o surgimento de uma burguesia industrial cada dia mais forte, mas marginalizada pela política econômica do governo Federal voltada para produção e exportação do café. Ao mesmo tempo, aumentava consideravelmente o número de imigrantes Europeus (notadamente Italianos) que se dirigiam para a região economicamente prospera, seja a zona rural onde havia o café, seja a zona urbana onde estavam as indústrias. No período de 1.903 a 1.914, o Brasil recebeu cerca de 1,5 milhões de imigrantes. Nos centro urbanos existia ainda uma larga faixa da população pressionada, por cima, pelos barões do café e pela alta burguesia, e por baixo pelo operariado, era a pequena burguesia de caráter reivindicatório formada entre outros por funcionários públicos, comerciantes, militares e profissionais liberais. Como se percebe era um Brasil dividido entre o urbano e o rural. Mas o bloco urbano não era homogêneo, pelo contrario, o operariado urbano de origem européia traziam uma experiência de lutas de classe: eram trabalhadores, em sua maioria anarquistas, que se organizavam e publicavam jornais como La Battaglia, que circulou em São Paulo entre 1.901 a 1.911, e a Terra livre, também paulista que circulou entre 1.905 a 1.910. Como conseqüência, São Paulo assistiu a greves em 1.905, 1.907 e, a mais importante delas em 1.917. A partir de 1.918, tornaram cada vez mais comum na imprensa artigos a respeito da revolução russa de 1.917. O partido comunista seria fundado em 1.922 e desde então diminuiria a influência anarquista sobre o movimento operário. Assim poderíamos encontrar pela cidade de São Paulo, andando na mesma calçada do bairro dos Campos Elisios, um "barão do café”, um operário anarquista, um padre, um burguês, um nordestino, um professor, um negro, um comerciante, um comerciante, um advogado, um militar..., realmente uma "Paulicéia Desvairada", palco ideal para a realização de um evento que mostrasse uma arte inovadora a romper com velhas estruturas. Mário de Andrade em sua já citada conferência afirmava: "São Paulo era espiritualmente muito mais moderna, porém fruto necessário da economia do café e do industrialismo conseqüente. São Paulo estava, ao mesmo tempo, pela sua atualidade comercial e sua industrialização em contato mais espiritual e mais técnico com a atualidade do mundo". Confirmando o fato de que, desde sua origem, a Semana apresentou um lado político de ataque à aristocracia e à burguesia, assim se pronuncia Di Cavalcanti- que parece ter sido o primeiro a sugerir a realização de uma mostra modernista- em seu livro de memórias: "Eu sugeri a Paulo Prado a nossa Semana, que seria uma Semana de escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulistana".

2 comentários:

  1. Está falando muito sobre a politica, falta falar mais sobre o modernismo (:

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  2. Ana paula o texto é sobre o período histórico que surgiu o modernismo,e não o contrário.

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