Dia 13 de junhofoi dia de Santo Antônio, um dos Santos mais populares da Igreja Católica. Grande parte da sua popularidade se deve ao fato de creditarem a ele a fama de "casamenteiro". Sem entrar em questões religiosas, quero lembrar alguns casais unidos pelo casamento para o bem ou para o mal.
Na Literatura Brasileira temos bons exemplos de casamentos marcantes. O casal bentinho e Capitu, do memorável romance "Dom Casmurro" de Machado de Assis, teve que lutar muito para poder chegar até o casamento. A promessa da mãe do rapaz, que dava ao jovem Bentinho a carreira religiosa, teve que ser vencida, as dificuldades todas da juventude foram vencidas, até que chegou o tão esperado dia. Machado de Assis não se prende muito na cerimônia que uniu o jovem casal desde tão cedo apaixonado, ele logo partiu para as situações da vida matrimonial...os primeiros dias de convívio, o medo de Bentinho de que Capitu se sentisse cansada da união tão sonhada, as primeiras reuniões sociais, as visitas, os ciúmes. Logo a vida social do casal Capitu e Bentinho torunou-se mais agitada, pois junto com Sancha e Escobar (outro casal da trama), ele frequentavam bailes e participavam de episódios importantes da sociedade fluminense. Com o passar do tempo, surgiu a necessidade de ter filhos, o caminho natural para o casal. A falta do filho esperado era uma nuvem de tristeza e angústia para o futuro Dom Casmurro e a misteriosa Capitu. Quando veio o pequeno Ezequiel tudo parecia perfeito, o álbum de família estava completo. Mas, como todos sabem, ele não ficou tão completo assim por muito tempo...mas esta é uma outra história.
Um casamento que deu muito o que falar foi o de Fernado e Aurélia do romance "Senhora", obra de José de Alencar. A moça "compra" (palavra muito vulgar, mas não encontro outra) o jovem Fernando para ser seu marido, procurando vingar-se do abandono que este cometera algum tempo antes, por motivos finaceiros. Já na noite de núpcias as coisas não vão bem, pois o casamento não é consumado e Aurélia deixa bem clara a sua intenção com aquela união.
São meses e meses de humilhações e cenas que mostram o quanto a jovem esposa era orgulhosa, mas sentia-se dividida entre o amor e a vingança daqual buscava forças para continuar seus planos humilhantes.
Só nas últimas linhas do romance o "santo amor conjugal" é consumado e Fernando e Aurélia são, enfim, um casal "de verdade".
Claro que há outros inúmeros romances, contos e novelas que possuem bons exemplos que eu poderia citar neste post, mas resolvi me ater a estes por conhecê-los tão bem e por entender que neles a vida conjugal é descrita em detalhes, sejam eles idealizados ou não. O casamento no dia-a-dia, nas reuniões da sociedade, na intimidade de uma casa, com seus ciúmes, suas intrigas, suas tramas desenvolvidas através da união de dois seres que não possuem ligações sanguineas...isso é muito interessante e subjetivo. De onde vem esta vontade de, como disse Renato Russo, "deixar a segurança do seu mundo por amor"? Vem de uma força inesplicável que leva duas pessoas a aceitarem o desafio de dividir uma vida nos bons e maus momentos...de uma forma ou de outra, os dois casais citados tentaram viver assim. O primeiro não conseguiu, pois, para Machado de Assis, o mais importante não era finalizar de uma forma "feliz" o relacionamento de Bentinho e Capitu, já que, na crítica aos pilraes da sociedade burguesa, o casamento é um dos alvos mais comuns e naturais.
Já o segundo casal citado recomeça uma vida a dois no final do romance e deixa a todos com um gostinho de "como será a convivência agora que estão reconciliados?" É, não teria graça talvez.
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