Dia 02 de novembro é o dia dos mortos, ou dia de finados, como queiram. Neste dia é comum todos refletirem sobre a morte. Pensando nisso resolvi fazer um post sobre a morte na literatura.
No conto alegórico "A máscara vermelha da morte" do norte-americano Edgar Allan Poe, temos em princípio uma epidemia que causa muitas mortes num país governado por uma monarquia nada preocupada com o povo. A soberba da família real tenta ser mais forte que as forças da morte e, por isso, resolve isolar toda a nobreza no grande castelo, longe da água e de todos as outras circunstâncias que poderiam ser causa da mortal epidemia.
A morte, no entanto, não aceita tal ousadia e, tomando forma quase humana, consegue entrar no castelo e levar consigo todos os reis, duques...embora tenha a função primordial de vilã, a Morte surge aqui como uma justiceira, aquela que promove a igualdade entre todos os seres humanos, mostrando aos nobres a fragilidade deles em relação ao corpo, fragilidade esta que nada os difere dos plebeus.
Outro romance no qual a "indesejada da gentes" resolve mostrar seu valor é o romance "As intermitências da morte" do português José Saramago. A morte, cansada de ser ofendida e indesejada, resolve fazer uma pausa nos seus serviços, deixando todos os habitantes de um país com a "dom" da imortalidade. Logo surgem as agruras de uma vida sem morte: população doente sem expectativas de fim do sofrimento, asilos lotados, até mesmo uma máfia que leva pacientes terminais para além das fronteiras para que possam morrer!
Quando resolve voltar a trabalhar, ela resolve mandar um aviso prévio através de uma macabra carta roxa, na qual os que serão buscados têm a morte anunciada e podem se preparar para recebê-la. Neste período o livro muda seu tom coletivo para individual, através da história de um músico solitário que, pela primeira vez consegue driblar a morte evitando receber a carta.
Mais uma vez inconformada com tal ousadia, a "indesejada das gentes" toma forma humana, na verdade uma bela forma humana, e vem para a Terra para entregar pessoalmente a carta fúnebre. Pena que ela não conhecia muito bem sentimentos tão humanos como o amor...bom, mas esta é uma outra história.
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