domingo, 11 de abril de 2010

Memórias de Adriano - Marguerite Yourcenar


Marguerite Yourcenar escolheu o Imperador Adriano para dar voz ao homem de uma época muito parecida com a nossa, cercada pela religião, filosofia, buscas, angústias...no fim do Império Romano o paganismo estava cada vez mais decadente, mas o Cristianismo ainda não havia triunfado e os homens defrontavam-se entre si por questões políticas e religiosas. Adriano governa o maior Império daquela época vendo o fim que se aproximava com os bárbaros se movimentando nas fronteiras.
No fim da vida , sentindo seus dias terminando , Adriano escreve uma carta , narrada na primeira pessoa, para seu sucessor na qual faz um balanço de sua vida e de suas opções. Adriano conta sua vida desde o nascimento numa família romana na região onde hoje se encontra a Espanha, sua formação de nobre, seu casamento por conveniência, as intrigas políticas do Império...e até confissões íntimas, como a paixão pelo jovem Antínoo. O suicídio de Antínoo contribui muito para a degradação física de psicológica do Imperador.
Adriano é descrito como um homem que tem desejo de conhecer suas obrigações para com a sociedade e as razões humanas e do Estado, através dos seus relatos, acompanhamos seu crescimento , seu aprendizado , compartilhamos suas decisões e suas dúvidas , estamos juntos em sua solidão.
Marguarite Yourcenar consegue penetrar o universo masculino do Imperador e, ao ler a biografia romanceada, temos a impressão de que é o próprio Adriano que nos relata suas dúvidas, sua dor, suas lutas, suas ideologias. A vida do Imperador, que viveu há quase dois mil anos, foi alvo de uma pesquisa histórica que fez com que a escritora o retratasse como um governante ideal, um homem preocupado com as Artes, o Culto ao classicismo grego, um político preocupado com os problemas do Império e vida dos escravos, além de um homem que vive intensamente suas paixões.
Marguerite Yourcenar ganhou o prestígio da crítica com "Memórias de Adriano", livro que demorou décadas para concluir, ela também foi a primeira mulher a entrar para a Academia Francesa de letras.


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