É muito comum lermos um romance e termos uma impressão de "Já li alguma coisa parecida". As temáticas semelhantes, muitas vezes aproximam romances e fazem com que o leitor de um, tenha curiosidade quanto ao segundo.
"O último dos Moicanos" de James Fenimore Cooper foi publicado em 1826, tem como protagonista um valente e íntegro índio, último representante da sua tribo nos Estados Unidos. No Brasil, no ano de 1857, José de Alencar publica "O Guarani" que colocou na história da Literatura o mais europeizado índio dos romances brasileiros: Peri. Os dois romances são comparados pela temática parecida, a relação dos índios e brancos nos países colonizados, além dos protagonistas serem perfeitos heróis da pátria. Esta situação se explica pelo fato dos EUA assim como o Brasil estarem localizados no continente americano, não tendo portanto, um passado mediaval. Sem passado medieval, não existe o herói medieval, tão em voga no Romantismo europeu. O índio tomava então, traços europeizados e se transformava no "Bom selvagem".
Outros dois romances que podem ser aproximados são "A Dama das Camélias" do francês Alexandre Dumas Filho, e "Lucíola" do brasileiro José de Alencar. duas prostitutas se apaixonam por homens dignos, mas sem grande fortuna. O fim para elas não poderia ser outro; elas se sentem indignas de um amor estável e honesto e adoentadas, morrem, deixando aos seus amados somente a lembrança dos bons tempos passados juntos. O romance de Dumas Filho conta sua estória, seu envonvimento amoroso com uma cortesão francesa do século XIX. Já "Lucíola" faz parte da tríade completada por "Diva" e "Senhora", romances nos quais José de Alencar traçou os "perfis" das mulheres daquela época, fortes e decididas criaturas que só o amor conseguia vencer.
Eça de Queiróz foi por vezes acusado de beber na fonte de outros romances. Para Machado de Assis, o romance "Primo Basílio" seria uma cópia de "Eugenia Grandet" do francês Honoré de Balzac. Podemos comparar o romance "Primo Basílio" com "Madame Bovary" de Gustav Flaubert. Fugindo das polêmicas sobre plágio, podemos afirmar que os romances do português Eça têm uma inspiração nos franceses citados e também, algumas características muito particulares no enredo.
Um caso muito conhecido de romances tão próximos que deixavam viva a ideia de plágio é o de "Rebecca" da inglesa Daphne du Maurier lançado no ano de 1938 , e "A Sucessora" da brasileira Carolina Nabuco, lançado no ano de 1934. Carolina Nabuco sempre afirmou que ao encrever seu best-seller, Daphne tinha conhecimento do enredo de "A Sucessora" tendo lido um exemplar. O tema da segunda esposa sempre foi recorrente na Literatura mundial, estando presente em "Encarnação" de José de Alencar, "Jane Eyre" de Charlotte Brontë, "A dama dos rubis", de Eugenia Marlitt, "A intrusa", de Júlia Lopes...o enredo dos romances de Carolina Nabuco e Daphne du Maurier são mesmo muito parecidos. Duas mulheres jovens casam-se repentinamente com um viúvo mais velho e são atormentadas pela lembrança sempre presente da esposa falecida.
É muito difícil definir um plágio, a linha sutil que separa a inspiração e a cópia é mal compreendida em determinadas situações. Há temáticas universair que sempre estarão em uso e também há temas que em determinada época atendem as inspirações dos autores.
Ao escrever um poema, conto ou poesia, o autor estabelece uma relação com tudo que já conheceu em tremos de Literatura e isso deu origem a uma disciplina chamada "Literatura Comparada."
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