quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A minha vida é um barco abandonado - Fernando Pessoa


O mar está sempre presente na Literatura. Aqui, Fernado Pessoa chora seu barco abandonado neste mar...



A minha vida é um barco abandonado
Infiel, no ermo porto, ao seu destino.
Por que não ergue ferro e segue o atino
De navegar, casado com o seu fado ?


Ah! falta quem o lance ao mar, e alado
Torne seu vulto em velas; peregrino
Frescor de afastamento, no divino
Amplexo da manhã, puro e salgado.


Morto corpo da ação sem vontade
Que o viva, vulto estéril de viver,
Boiando à tona inútil da saudade.


Os limos esverdeiam tua quilha,
O vento embala-te sem te mover,
E é para além do mar a ansiada Ilha.

Um comentário:

  1. Fernando Pessoa, foi um poeta como jamais ouve, soube em poucos versos trazer questionários e sempre deixar algo inexplicável no ar,fazendo com que o leitor reflita sobre seus versos.

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