A morte é um tema interessante para a Literatura. Durante o auge do Romantismo, muitos poetas viviam na Terra esperando a morte que viria como fuga para a impotência sentida diante de um mundo tão cruel para pessoas sensíveis e sentimentalistas. Em tempos mais modernos, José Saramago humaniza a morte no romance "As intermitências da morte". É...todos ficam pasmos e não sabem o que fazer quando esta "indesejada das gentes" deixa de ceifar vidas. E depois, quando ela resolve avisar sua vinda através de uma temida carta? São situações que nos fazem refletir sobre o tema. Mas discutir sobre a morte é coisa que o ser humano faz desde que nasce. Seja de forma religiosa, social, física...a todos este assunto interessa, embora muitos não gostem nem de pronunciar esta palavra.
Manuel Bandeira escreveu um poema que descreve bem o feriado de 02 de novembro.
Poema de Finados
Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.
Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.
O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.
Os que estão já na última morada passaram pela morte física, seus corpos estarão lá eternamente, mas quantos continuam andando por esta Terra e estão mais mortos do que eles? O poema apresenta um pessimismo que pede que as orações de voltem para os vivos, pois eles têm mais necessidade, já que a amargura da vida os tornaram mais mortos do que as pessoas amadas sepultadas no cemitério. A perda de pessoas queridas causa esta amargura, e tantas outras razões para nos amargurarmos podem ser citadas!
Emily Dickinson escreveu um poema que também é bem pertinente ao dia de finados.
Cemitério
Este pó foram damas, cavalheiros,
rapazes e meninos;
Foi riso, foi espírito e suspiro,
Vestidos, tranças finas.
Este lugar foram jardins que abelhas
E flores alegraram.
Findo o verão, findava o seu destino...
E como estes, passaram.
Todas as pessoas que repousam nesta terra tiveram suas estórias, algumas mais longas, outras mais curtas, todas viveram e sofreram seus dramas, seus probelmas. Todas riram alguma vez na vida, quem sabe amaram e deixaram amantes chorando ao partirem. Mas todos um dia partem, isso é inevitável, por mais doloroso que seja para a nossa humanidade aceitar ser privada da presença física daqueles que amamos. Resta a cada um apegar-se a formas de viver estas perdas de um maneira menos traumática, pois as pessoas passam, mas as lembranças permanecem.
Existem, e muitas, pessoas que estão mais mortas do que vivas, concordo com esta afirmação, a gente vê isso nos olhos e nas ações. Algumas parecem perdidas em si mesma, jogando-se numa aventura perigosa.
ResponderExcluirAmar a vida, ter medo da morte é natural e num dia como este é bom fazer reflexões a cerca de nossas atitudes a respeito do nosso próximo e nós mesmos.
Gostei demais desta postagem...muito interessante mesmo.
ResponderExcluirMeus parabéns.