quarta-feira, 6 de julho de 2011

Manuscrito encontrado numa garrafa - Edgar Allan Poe




O mar nunca pareceu tão sombrio e enigmático como no conto “Manuscrito encontrado numa garrafa” de Edgar Allan Por. A calmaria descrita no início é mais assustadora e preocupante que qualquer procela.
Se “depois da tempestade sempre vem à bonança”, no enredo do conto citado acima, depois da bonança vem à tempestade. Desta forma, o mar é o próprio mistério, algo sobrenatural e superior ao homem que o submete a seus caprichos e as suas vontades.
O vento que sopra sobre ele dá-lhe um aspecto selvagem, como se fosse a própria morte que deseja tragar os “intrusos” que se aventuram pelas grandes águas marinhas.
O mar surge como um personagem, um antagonista que vai se opor ao angustiado protagonista que luta para manter-se vivo (ou já estaria morto?), e representa todo o horror na sua “Treva profunda” e seu negrume de ébano.
Se Castro Alves, poeta brasileiro romântico, no seu poema pessimista “Adeus” cita o mar como “O Jó eterno”, ou seja, o representante do sofrimento sem fim, podemos dizer que Poe, no desfecho do conto, dá esta característica ao mar, pois, o sofrimento e o mistério que envolvem o protagonista, além da sua angústia, não terminam, se tornam apenas um ciclo de luta psicológica e física.
Só então temos a explicação do título. Os famosos “manuscritos nas garrafas” que já foram mensageiros de amores proibidos e intensos, agora são descrições de tragédias marítimas de um marinheiro angustiado.

5 comentários: