O enredo do romance gira em torno de uma sociedade totalmente diferente da que conhecemos hoje. Nesta sociedade, as pessoas só devem se preocupar com a coletividade. É um grande erro manter qualquer tipo de individualidade e as pessoas não devem ter valores sentimentais uns com os outros. Ninguém deve valer muito, portanto, não se pode chorar a morte ou a perda de ninguém. Com base nisto, as famílias são abolidas e as crianças são criadas em laboratório e crescem educadas em grandes centros. A palavra “Mãe” chega a ser obscena e a promiscuidade é vista com bons olhos, já que não se deve pertencer a uma só pessoa. Para que não haja sofrimento, quando se sentem abaladas, as pessoas utilizam o “soma” um tipo de droga que trás uma sensação de bem estar. A história se passa em Londres e começa com um grupo de estudantes que vai visitar um centro de criação. O diretor apresenta a eles o local e através das suas explicações podemos compreender as mudanças ocorridas. Nesta ocasião, percebemos a troca de valores existente entre a nossa sociedade e aquela presente no romance. Crianças de oito ou dez anos correm nuas pelo local e fazem brincadeiras sexuais, a divisão de classes começa desde o momento em que são separadas as castas, enquanto dormem, as crianças ouvem mensagens que lhes ensinam a se conformar com a sua realidade. Elas aprendem a respeitar o “Ford” ( Lord). Entre as situações mais assustadoras, está o momento no qual o diretor leva os estudantes para uma sala na qual bebês destinados a ser da casta inferior e se dedicar aos serviços braçais engatinham até belos quadros e livros infantis. A tocá-los elas recebem choques e choram, repetida a experiência duas vezes, na terceira os bebês se negam a aproximar-se dos quadros e livros. Desta forma, eles crescem detestando a arte e se conformam com o seu papel na sociedade. Dentro deste meio existe um homem que não se adapta a vida naqueles termos. Ele é Bernard Marx e muitos afirmam que ele recebeu álcool no sangue e por isto tem um comportamento estranho e fisicamente é diferente dos outros Alfa-Mais ( a casta superior). A jovem Lenina que também é uma Alfa-Mais às vezes tem dificuldade em aceitar a promiscuidade que lhe é proposta. Ela acaba se envolvendo com Bernard e os dois viajam para o Novo México juntos. Lá eles conhecem um lugar selvagem que não foi adaptado ao novo sistema e possui muitos índios e pessoas que vivem, segundo eles, como “selvagens”. Lenina fica chocada com o que vê. Mulheres que geram os próprios filhos, casais que pertencem um ao outro, rituais que envolvem dor e sentimentos fortes e o mais surpreendente: um homem chamado John que é filho de um diretor do centro e uma jovem que se perdeu entre os selvagens quando estava grávida. O nome dela era Linda e ela, diferente das pessoas que Lenina conhecia estava velha, gorda e acabada. O “selvagem” como passa a ser chamado, conta para Bernard detalhes da vida naquele lugar e ele decide leva-lo até Londres para que ele pudesse conhecer a sociedade na qual Linda sempre falara. O selvagem logo se apaixona por Lenina e embarca junto com a mãe e o casal para Londres. Lá chegando ele vira atração e as pessoas ficam curiosas para conhecer o selvagem. Bernard logo ganha notoriedade por tê-lo descoberto. Mas John não consegue se adaptar a uma vida “sem princípios”. Ele não consegue aceitar que não deveria sofrer ao ver sua mãe morrer, não consegue aceitar a promiscuidade na mulher que ama e logo tenta uma revolução que é domada em pouco tempo. Ao perceber que John, Bernard não conseguem se desvincular da individualidade, o representante do “Ford” manda Bernard para o exílio na ilha da Islândia, pois, quem não consegue viver em sociedade de deve ser isolado. John que não pertence aquele lugar pode ficar livre e resolve morar no campo longe da agitação de Londres. A vida calma, porém, não dura muito já que ele é descoberto pela imprensa e não agüentando o assédio, acaba se suicidando. É interessante notar que existe uma troca de valores expressiva no romance. O selvagem para eles, lê as obras de Shakespeare e tem valores familiares e sentimentais muito apreciados na nossa sociedade. Através desta ficção científica, Huxley contraria a idéia de que se todos fossem felizes e não tivessem problemas a sociedade seria perfeita. Todos merecem viver grandes emoções, ler obras da Literatura e se emocionar, viver o amor e até mesmo se decepcionar com ele. Viver de uma forma fabricada pode garantir no máximo uma felicidade superficial gerada e mantida através de substâncias que tornam o ser humano dependente. A visão aterrorizante da sociedade se deve também pelo fato da dominação acontecer culturalmente. Para que haja o totalitarismo é preciso dominar a inteligência e a forma de pensar dos cidadãos, para que eles caiam num conformismo enganador que propõe uma felicidade estúpida e passiva. Huxley foi um escritor a frente do seu tempo, falou sobre a uniformização do ser – humano e utilizou para compor seu romance, um nível científico desconhecido para a sociedade de 1932. Ele alerta para que as pessoas tomem cuidado e reflitam sobre o mundo que querem para o futuro: viver de verdade ou ser passível frente a vida?
quinta-feira, 28 de maio de 2009
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Meninas, postei uns livros, se puderem ajudar na divulgação, o material é mais ou menos esse:
ResponderExcluirEis os trechos iniciais de cada um dos contos do livro de José Alberto Brandão Pires, Manda Manda – Estórias que Terminan Ay! Ayay! Ayay!, em seguida a resenha de Everson Leite.
A página do autor no site da editora Clube de Autores é: http://migre.me/7xteQ
“ERA UMA VEZ um menino que se chamava Chupa Chupança, um dia ele foi num bar, pegou um papel, escreveu: “Tchau! Adeus! Eu vou pro mato [...]”
*
“ERA UMA VEZ a vaca, o gato e a galinha. O nome da vaca é Livro e da galinha é Casa.
A vaca era burra, muito burra. O gato era o mais [...]”
*
“ERA UMA VEZ um dragão vermelho. Ele vivia soltando fogo e todo dia um homem e uma menininha iam visitá-lo. O nome do dragão era Mary [...]”
*
“TINHA UMA MENININHA que gostava de brincar e tinha uma irmã. O nome da menina era Jossy, a irmã dela se chamava Elizabete.
Elas moravam [...]”
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“ERA UMA VEZ um menino chamado Manda Manda. Ele tinha pai e mãe, apenas pai e mãe, não tinha irmãos.
Ele fugiu de casa. Na noite seguinte [...]”
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“ERA UMA VEZ uma formiga legal que tinha um formigueiro. Lá no fundo do formigueiro tinha uma piscina com água quente, e no banheiro tinha [...]”
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“A MÃE MANDOU; falou a Maria.
- Vai fazê coumpra.
Aí ela foi! Fazer compras, né! Aí ela vai saindo do mercado, um cara baleou [...]”
*
“ERA UMA VEZ um menino que gostava de dormir. E ele só dormia, ele era preguiçoso. Ele tinha uma mãe e um pai, não tinha [...]”
*
“A MÃOZINHA era de unha comprida. Ela gostava de apertar dinamite; também de andar. Ela era feia, a Mão, né!
Um dia Mãozinha resolveu casar [...]”
Chupa Chupança, Manda Manda, Mãozinha, Mary o dragão vermelho, a vaca chamada Livro e a galinha chamada Casa, personagens fantásticos de um universo real, conduzidos por narrativas ricas em ação e sentimentos.
“[...] atrás da vida dele ele achou um fio solto. Ele não sabia o que era e levou um choque. Não era fio de uma antena parabólica.”
Aqui encontramos estórias de gente grande, verdadeiras tragédias humanas contadas numa linguagem pura e dinâmica legitimamente nascida da infância.
Quando as cortinas se levantarem, o palco não estará iluminado, mas a ternura e o afeto se farão sentir pela transgressão da arte.
Eu vi uma criança do outro lado da página, ninguém nem imagina, mas bastaram um sorriso e um passe de mágica para que eu pudesse encontrar o mundo das palavras.
Everson Leite [@rimaseversos]