quinta-feira, 28 de maio de 2009

BERENICE – Edgar Allan Poe

Incluído entre os “contos de horror, de mistério e de morte”, “Berenice” é um conto que representa perfeitamente a obra de Edgar Allan Poe, cercada de suspense e terror.
Um jovem chamado Egeu, que é o narrador personagem, inicia o conto falando sobre sua própria personalidade e sua relação com o solar em que viveu. Naquele solar ele nasceu e sua mãe havia morrido. Vivia junto dele no solar paterno, a prima Berenice.
Enquanto ele, com suas preocupações minuciosas, era tido como um jovem doente e problemático, a prima irradiava vida e alegria.
Em um determinado período da sua vida, a situação mudou. Berenice sem explicação, ficou muito doente e perdeu a alegria de viver, sua morte era dada como certa.
Sabendo que a prima sentia algo por ele e lembrando-se do seu amor por Berenice nos dias radiantes, o jovem resolveu pedi-la em casamento, já que via a morte se aproximar cada vez mais da menina.
Um dia, enquanto Egeu estava no escritório da casa, Berenice surgiu na entrada e parou na porta. Ela estava com a aparência descarnada, pálida, ferida, mais parecida com um vulto que com um ser humano.
Foram minutos de contemplação nos quais Egeu notou algo de singular na face de Berenice: seus dentes, mostrados num sorriso que contrastava com o resto do seu corpo.
Enquanto a pele era pálida, cheia de doenças, os dentes eram brancos, limpos, brilhantes, pareciam marfim.
Depois deste episódio, começou a brotar dentro do peito do rapaz, uma obsessão pelos dentes de Berenice e todo o seu tempo era gasto em pensar e lembrar deles. Era uma volta a vida radiosa transmitida por Berenice nos dias saudáveis.
Chegou o dia fatal, no qual Berenice partiu. Enquanto as pessoas da casa preparavam o enterro, Egeu foi ver o corpo da prima. Ao ver o rosto, ele ficou consternado, pois, lhe pareceu vê-la sorrir, assim como pareceu que ela havia mexido um dedo da mão. Assustado, ele saiu correndo do quarto e acabou dormindo.
Quando acordou, já era meia-noite, e ele não se lembrava bem o que havia acontecido antes de pegar no sono. Lembrava-se apenas de que a esta hora, a prima já estava sepultada.
Ele notou uma caixa em cima da mesa, e não se lembrou de te-la colocado ali.
Foi então, que ouviu barulho na casa. Eram os familiares que gritavam. Um empregado entrou no escritório, onde ele havia adormecido, e disse-lhe que o tumulo de Berenice fora violado e o corpo, que ainda vivia, havia sido desfigurado.
Notou então, as nódoas de sangue na roupa de Egeu e suas mãos feridas com unhas humanas. O jovem perplexo entrou em desespero maior quando viu uma pá no escritório. Olhou para a caixa na mesa, mas, não conseguiu abrir, acabou por derrubá-la. Neste momento, caíram de dentro da caixa, os brancos e brilhantes dentes de Berenice, que tanto o haviam fascinado.


Contexto histórico

Quando Edgar Allan Poe nasceu, 1809, os Estados Unidos da América não eram a grande potência cultural da língua e literatura inglesa. Embora grandes escritores já tivessem marcado a Literatura norte-americana, como Nathaniel Hawthorne, por exemplo, cabia a literatura produzida na Grã-Bretanha um papel de destaque entre a literatura mundial.
Coube a Poe, então, o mérito de haver renovado o conto e o romance de terror, servindo de influência até para escritores ingleses, já que o romantismo pessimista inglês teve considerável contribuição de Edgar Allan Poe.
Cabe a ele também, a criação do gênero policial, com seus contos de dedução, carregados de suspense. Entre estes, merece destaque “Os crimes da Rua Morgue”, no qual ele cria a imagem do detetive que conhecemos hoje. Tudo isto, por meio do detetive francês Dupin, que aparece em outros contos também.
Por tantos méritos, Edgar Allan Poe mereceu o reconhecimento de grandes autores da literatura mundial, como Baudelaire, Mallarmé e Valéry que o declarou um dos seus mestres.



Personagens

O conto Berenice tem como protagonista o narrador-personagem Egeu. Alguns personagens, como o pai e a mãe do narrador, são apenas citados, não se caracterizando como personagens secundários, mas, como pano de fundo.
É interessante notar que Poe caracteriza um personagem apenas pela sua profissão. O empregado que participa da cena final é um exemplo disto.
A personagem que da nome ao conto, Berenice, em nenhum momento toma a palavra, servindo de esboço para as obsessões e reflexões do protagonista.

Foco narrativo

O narrador volta os olhos para a figura atormentada de Egeu, com seus dilemas e sua estranha adoração pelos dentes da prima.

Tempo e espaço

O tempo no ínicio, transcorre normal, com Egeu lembrando fatos e contando-os. A partir da estranha morte de Berenice e dos acontecimentos seguintes, o tempo parece ser psicológico, já que não sabemos ao certo o que de fato aconteceu, a morte e o possível sepultamento da moça ainda viva, são envoltos em mistério.
Tema

É difícil encontrar um tema para os contos de Edgar Allan Poe, já que ele possuía uma habilidade incrível para criar histórias complexas e personagens psicologicamente abalados.
No conto “Berenice”, o tema é a mente humana, com suas obsessões e sua complexidade. Complexidade que leva um jovem fraco a tomar coragem e violar um tumulo, para conseguir o objeto dos seus desejos: os dentes da prima Berenice.

25 comentários:

  1. Essa análize, está muito boa, e abrage toda a complexidade de Edgar Allan Poe e um de seus melhores contos-Berenice. A divisão de temas como foco narrativo, personagens e contexto histórico ajuda ao leitor dividir e organizar suas idéias. Muito obrigado pela ajuda, e espero encontar diversos textos como esses!

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  2. Na verdade o tema não é a mente humana, nem mesmo sua complexidade. Poe defende o conto de efeito, em que apresenta o acontecimento puro e simples, não explora o perfil psicológico das personagens. O que caracteriza sua obra é o horror que provoca no leitor pela apresentação clara dos fatos.

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  3. O texto de Berenice muito tenso! õ.õ

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  4. boa noite jooyce

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  5. Muito boa a análise. Acabei de ler o livro pela primeira vez agora, e não entendi bulhufas, nem se quer consegui perceber do que a estória falava O_O

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  6. eu queria o resumo do que se trata o livro sobre o que fala

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    1. O burro, você não deve ter lido nada acima, só pode.

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    2. Não precisa ser tão grosso cm ele né

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  7. Boa análise,foi profundamente bem crítico,mas ao ler Poe você entra numa atmosfera que nenhuma explicação convém,apenas aquela que você formou ao lê-la.E uma de minhas dúvidas é o enterro de Berenice.Tão estranho,sabendo-se que no final,Egeu vai ao túmulo dela e consegue o seu objetivo,os dentes,mas vem a questão,Berenice foi enterrada viva?Por que?Ela lutou para viver enquanto seu primo arrancava seus dentes?
    Bem,leio sempre esse conto,e o de Ligéia também.Um mistério.
    Enfim,respostas que ficaram vagas.
    Mas sua análise é boa.Só que ainda procuro respostas.
    Beijos,obrigada.

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    1. Cheguei nesse mesmo ponto, ela foi enterrada viva????? Perguntas sem respostas... Odeioooo rsrsrsrs

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    2. Hein..?? Perguntas sem respostas..? A resposta pra "pergunta sem resposta" vem logo no começo do conto, quando ele descreve a doença de Berenice.

      "... uma espécie de epilepsia, que não poucas vezes, terminava em catalepsia, muito semelhante à morte efetiva, e da qual despertava ela, quase sempre, duma maneira assustadoramente subitânea..."

      Ou seja, ela não morreu. Teve um ataque, não despertou logo e foi dada como morta, simplesmente.

      Então, Egeu na sua loucura obsessiva foi lá, e deu uma de colecionador dentário.

      E Berenice continuou viva, com certeza mais feia do que nunca.

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    3. Ótima explicação sobre Berenice. Um pequeno detalhe no início do conto que passou despercebido para muitos leitores: a epilepsia da moça.

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    4. Muito obrigado, Cris 2! Na tradução que eu li não falava em catalepsia, mas em “transe em si” e eu não havia entendido o motivo de terem a enterrado viva. Matou a pau ... um abraço

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    5. Sou sua fã Guilherme coutinho

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  8. Ótima análise. Bem feita e sem floreios.

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  9. amei me ajudou demais parabéns vc é muito bom! aodrei continue assim!

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  10. muito bom este artigo, me ajudou a entende melhor a obra.
    esse é uma analise de grande respeito.

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  11. analise fraca, o conto trata do fascinio que o jovem tem pela morte e pelo lúgubre, ele sente uma propensão pelo tétrico que o impele a ver o "cadaver" da prima e uma fixação mental um estado de monomania que o impede de pensar em outra coisa a não ser no aspecto cadaverico da prima representado pelos dentes.

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  12. Ficou muito boa a sua análise me ajudou muito, obrigada.

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  13. Alguém pode informar qual o conflito do conto

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