segunda-feira, 1 de junho de 2009

As intermitências da morte - José Saramago

De repente a morte suspendeu suas ações em um determinado país. José Saramago resolve escrever um romance no qual a "indesejada das gentes" faz uma greve, já que não aguenta mais a ingratidão da humanidade para com ela.
Mas vale a pena viver para sempre? No início a nação embandeirou-se e sentiu-se orgulhosa de ser a escolhida para a vida eterna. Mas, com o passar do tempo, a indústria da morte sofreu as consequencias...agências funerárias estavam falidas, asilos cheios de gente que nunca iria embora, doentes terminais ocupando leitos de hospitais...surge a Maphia uma instituição que vai tomar proveito desta situação e cobrar dinheiro das famílias para levar os doentes terminais até a morte em países vizinhos.
Sete meses depois, a morte manda um comunicado dizendo que vai voltar a desempenhar suas funções normalmente. a partir de então, ela vai mandar uma carta roxa uma semana antes para informar a pessoa de que vai morrer que é preciso se organizar para tal acontecimento. O terror toma conta da população e a morte (um esqueleto envolvido numa mortalha) tem uma surpresa: uma de suas cartas não chega até seu destinatário, um violoncelista destinado a morrer aos 49 anos.
A morte resolve vir até a terra para descobrir o porquê deste acontecimento único na humanidade. Primeiramente ela vem invisível, entrando na intimidade do quarto do violoncelista e observando-o dormir. Ela resolve então, num plano muito original, vir até a terra na forma de uma bela mulher para pessoalmente, entregar a carta ao homem.
Ela só não esperava apaixonar-se por ele e entregar-se a esta paixão como qualquer ser humano se entregaria.
Ao humanizar a morte e acrescentar a ela sentimentos próprios da fraqueza humana, José Saramago trata da própria vida com humor e ironia, apresentando as consequencias de uma vida eterna que não levará as pessoas a lugar nenhum.
O romance termina com a mesma frase que o iniciou: "No dia seguinte ninguém morreu". Afinal de contas, a morte começava a amar.

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