quarta-feira, 10 de junho de 2009

Cruz e Sousa


João da Cruz e Sousa nasceu em 21 de novembro de 1861, em Desterro, hoje Florianópolis. Filho de escravos, negro sem mescla, o próprio poeta, ao nascer, sustentava a condição de escravo. Sua família foi alforriada por seu dono, o Marechal Guilherme Xavier de Sousa, no início da Guerra do Paraguai. O antigo senhor e sua esposa cuidaram do menino João da Cruz, dando-lhe o sobrenome Sousa. Sempre com a proteção do marechal Guilherme, Cruz e Sousa estudou no Liceu Provincial catarinense. Em 1882, juntamente com Virgílio Várzea, dirige a Tribuna Popular, jornal abolicionista. Em 1883 vê-se impelido a abandonar sua terra natal, por problemas de preconceito racial. Nessa época, trabalha como ponto e secretário da companhia teatral de Julieta dos Santos, percorrendo quase todas as províncias brasileiras. Voltando para Santa Catarina, é nomeado promotor público em Laguna, mas não chega a assumir o cargo, novamente por causa do preconceito. Transfere-se para o Rio de Janeiro; trabalha na imprensa, mas seu melhor salário é o de um miserável empregado na Estrada de Ferro Central do Brasil.Em 1893 casa-se com Gavita Rosa Gonçalves, também negra; o casal teve quatro filhos, todos falecidos prematuramente (o de vida mais longa morreu aos 17 anos). Gavita enlouquece e permanece internada durante longo tempo. Morrem a mãe e o pai do poeta. Em 1897, tuberculoso e pobre, procura refúgio na cidade mineira de Sítio, vindo a falecer no dia 19 de março de 1898. Seu corpo foi transladado de Minas Gerais para o Rio de Janeiro fora do esquife, num vagão de animais.



Opinião de outros autores sobre Cruz e Sousa:


“Fosse um negro norte-americano, Cruz e Sousa tinha inventado o blues. Brasileiro, só lhe restou o verso, o soneto e a literatura para construir a expressão da sua pena”.

Paulo Leminski



“Que admirável evocador de sons e imagens, que formidável e ao mesmo tempo delicado criador de sonho.”

Sousa Bandeira

Um comentário:

  1. Santa catarina até hoje é um dos lugares onde o racismo se expressa quase sem freios.

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