A cabana do Pai Tomás – Harriet Beecher Stowe

"Foi a senhora que, com seu livro, causou essa grande guerra" Esta consideração do então presidente Abraham Lincoln ao encontrar-se com Harriet Beecher Stowe deixa clara a importancia do romance na época em que foi lançado, em março de 1852. A guerra a qual o presidente se referia era a Guerra da Secessão, ou Guerra dos estados. Esta guerra aconteceu entre os anos de 1861 e 1865, entre o sul e o norte dos Estados Unidos. A vitória do Norte aboliu de vez a escravidão existente nos estados sulistas.Pai Tomás é um negro que vive na fazenda de Arthur Shelby no Kentucky. Embora Shelby não seja um mau patrão, ele precisa vender alguns escravos para saldar dívidas e entre eles, está Tomás que deixa mulher e filhos como propriedade de Arthur Shelby. Uma estória paralela e muito interessante é a de Eliza que foge para o Canadá com o filho a fim de que ele não seja vendido.Tomás vai viver como propriedade da família St. Clare e conhece a menina Eva que tem muita simpatia pelo escravo e faz com que os dias de Tomás sejam mais alegres. A atitude da menina contrasta com as opiniões preconceituosas dos sulistas da época. Com a morte da pequena Eva e de seu pai, a Sra. St. Clare é obrigada a vender Tomás e seu novo proprietário Simon Legree é um bêbado conhecido pelos maus tratos aos seus escravos. Enquanto isso, Shelby procura Tomás para comprá-lo de volta a fim de restituí-lo a sua família.Os maus tratos de Legree acabam matando Pai Tomás e Shelby leva seu corpo para a fazenda no Kentucky e liberta todos os seus escravos. O desfecho é um manifesto contra a escravidão e um pedido para que esta seja abolida. O livro ganhou pretensões bem maiores do que a autora esperava. Diz a lenda que ela escreveu este romance para conseguir dinheiro para comprar um vestido, não imaginando que sua obra serviria de inspiração para abolicionistas do Norte.Mas nos dias atuais o espírito abolicionista de Harriet não é visto com bons olhos nos EUA, já que ela recebe críticas severas quanto à composição do seu protagonista Pai Tomás. Líderes de movimentos negros afirmam que o personagem é resignado e submisso demais e por isso, não é um bom exemplo de herói para eles. Nos EUA a maior ofensa a um negro é chamá-lo de Pai Tomás, pois o nome se tornou sinônimo de conformismo com a situação inferior que o preconceito impõe. Independente do prestígio que o romance perdeu durante estes anos, ele é de grande importância na história da Literatura norte-americana, pois, direta ou indiretamente teve grande participação no movimento abolicionista que libertou escravos do Sul e transformou o Norte em grande potência dentro da nação norte-americana.