quarta-feira, 17 de junho de 2009

A poesia morreu? Não fui eu que matei!

A poesia nos dias atuais não é o gênero mais popular entre alunos e leitores comuns...não entendo o porquê de pessoas que adoram ler romances não gostarem de ler poesia! uns dizem que é porque a leitura é difícil...mas eu não acredito que seja por isso não. Os romances também são difíceis e no entanto, este gênero é um dos mais populares, embora o conto seja mais adequado ao mundo moderno no qual as coisas têm que ser rápidas, até mesmo a Literatura.
A sociedade de hoje não consegue ver a poesia que existe nos momentos mais simples do dia a dia. Claro que há romances carregados de poesia...um exemplo é o "Ciclo de Clarissa" do escritor Érico Verissimo. Nos romances que o compõe, o autor consegue colocar poesia nos momentos mais simples e cotidianos da vida...mas a poesia é o estilo que representa esta sensibilidade de ver o mundo que as pessoas não cultivam mais e isso pode ser culpa do capitalismo que faz as pessoas trabalharem sem direito à cultura, pode ser também uma mudança que o ser humano sofreu de um século para outro...várias podem ser as razões.
Eu gosto mutio da poesia modernista, dos poemas assimétricos...mas a minha grande paixão são os poemas mais tradicionais se assim se pode dizer. Eu não consigo deixar de me emocionar ao ler Pablo Neruda dizendo:
Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.
Ou ao ler Castro Alves lamentando seu amor que se foi e relembrando os bons momentos que viveram juntos:
Horas de saudade

TUDO VEM me lembrar que tu fugiste,
Tudo que me rodeia de ti fala.
Inda a almofada, em que pousaste a fronte
O teu perfume predileto exala

No piano saudoso, à tua espera,
Dormem sono de morte as harmonias.
E a valsa entreaberta mostra a frase
A doce frase qu'inda há pouco lias.

As horas passam longas, sonolentas...
Desce a tarde no carro vaporoso...
D'Ave-Maria o sino, que soluça,
É por ti que soluça mais queixoso.

E não Vens te sentar perto, bem perto
Nem derramas ao vento da tardinha,
A caçoula de notas rutilantes
Que tua alma entornava sobre a minha.

E, quando uma tristeza irresistível
Mais fundo cava-me um abismo n'alma,
Como a harpa de Davi teu riso santo
Meu acerbo sofrer já não acalma.

É que tudo me lembra que fugiste.
Tudo que me rodeia de ti fala...
Como o cristal da essência do oriente
Mesmo vazio a sândalo trescala.

No ramo curvo o ninho abandonado
Relembra o pipilar do passarinho.
Foi-se a festa de amores e de afagos...
Eras — ave do céu... minh'alma — o ninho!

Por onde trilhas — um perfume expande-se.
Há ritmo e cadência no teu passo!
És como a estrela, que transpondo as sombras,
Deixa um rastro de luz no azul do espaço ...

E teu rastro de amor guarda minh'alma,
Estrela que fugiste aos meus anelos!
Que levaste-me a vida entrelaçada
Na sombra sideral de teus cabelos! ...
Não sei, acho que eu sou uma pessoa que nasceu na época errada rsrsrsrsrsrsrs.
Mas o mais importante pra mim é ter chance de propagar estas preciosidades e não deixá-las morrer...

Um comentário:

  1. Adoro poesia,mas no geral é muito difícil.A prosa, principalmente a modernista,quase sempre é chata por ser coloquial demais.Eu falo do modernismo no Brasil.

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