terça-feira, 2 de junho de 2009

Lima Barreto


Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro em 13 de maio de 1881, filho de pai português e mae escrava. Após os primeiros estudos em Niterói, vai para o antigo Colégio Pedro II. Em 1897 ingressa na Escola Politécnica, cursando Engenharia até 1902, quando se vê obrigado a abandonar o curso para cuidar do pai, doente mental. Emprega-se na Diretoria do Expediente da Secretaria de Guerra; o funcionalismo público lhe dá certa tranqüilidade financeira. Datam dessa época alguns de seus contos, suas primeiras colaborações na imprensa. Mestiço, pobre e socialista, vítima de toda espécie de preconceitos, com o pai já louco, internado na Colônia dos Alienados, Lima Barreto vive intensamente todas as contradições do inicio do século e passa por profundas crises depressivas. Alcoólatra, é internado duas vezes, em 1914 e 1919, Hospício Municipal. Em 11 de maio de 1918, no semanário ABC, redige um manifesto socialista, exaltando a Revolução Russa de 1917.
Passa o ano de 1922 cuidando de seu pai moribundo. Morre em primeiro de novembro de 1922, 48 horas antes do falecimento de seu pai.
Muito já se discutiu sobre a importância de Lima Barreto em nossa literatura. No seu tempo não foi reconhecido, chegando mesmo a receber violentas críticas por sua “falta de estilo”, entretanto, recentemente sua obra mereceu reavaliação, tendo sido colocada em lugar de destaque em nossas letras. É hoje inegável, que um romance como Triste Fim de Policarpo Quaresma deva figurar entre nossas obras-primas, ao lado da melhor produção de Machado de Assis e de Graciliano Ramos.
Por sua visão da realidade, Lima Barreto dever ser estudado como um pré-modernista: é consciente de nossos verdadeiros problemas, ao mesmo tempo que critica o nacionalismo ufanista, exagerado, utópico, herdado do Romantismo.
O estilo de Lima Barreto tão duramente criticado pelos ainda parnasianos de sua época, é outro ponto de contato com o Modernismo: leve, fluente, propositadamente frouxo para os padrões do século XIX, aproxima-se da linguagem jornalística, estilo que faria escola entre vários autores após 1922.
A leitura do romance Triste Fim de Policarpo Quaresma já nos situa no universo de Lima Barreto, com os alvos a serem atingidos, numa mistura saudável de crítica, análise e humor. O tema central dessa figura quixotesca que é Policarpo Quaresma; um nacionalismo perigoso quando manipulado por mãos férreas, como as do Marechal Floriano. Lançado em 1911, o livro é uma profecia sobre os regimes autoritários nazifacistas que ganhariam corpo a partir da década de 1930: para engrandecer a pátria, só um governo forte, ou mesmo a tirania.
Lima Barreto critica a educação recebida pelas mulheres, que eram preparadas para o casamento apenas, (o romancista foi uma das primeiras vozes a defender o voto feminino); critica também a República, que nos levou a ditadura de Floriano, bem como exagerado militarismo em nossa política.
Em todos os seus romances, percebe-se um traço autobiográfico: suas experiências aparecem projetadas em algumas personagens, principalmente negros e mestiços que sofrem o preconceito racial. Além de seu valor como romancista, Lima Barreto nos oferece um retrato perfeito dos subúrbios cariocas e de sua população, como um autêntico cronista.



Um comentário:

  1. Prosa enxuta e direta,pena não ter sido reconhecido na época.O estranho é que Coelho neto,contemporâneo que tinha prestígio ,hoje é completamente ignorado,na minha opinião injustamente.

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